Bispo diz que insegurança continua no Pará

24/04/2008 - 20h49

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O bispo da Diocese de Abaetetuba, no Pará, dom Flávio Giovenale, disse hoje(24) que a situação de insegurança continua noestado. Como exemplo, citou o caso de dom Ervim Krautler, da Prelaziado Xingu, que está jurado de morte.Dom Flávioinformou também que as ameaças de morte que ele própriovinha sofrendo cessaram após a nota divulgada pela ConferênciaNacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no último dia 10. Obispo de Abaetetuba começou a ser ameaçado em meadosdo ano passado, por causa de denúncias de tráfico dedroga.“Mas continua a preocupação em relaçãoa dom Erwin, porque não se sabe nada sobre a investigação.Entendemos que a polícia muitas vezes tem que manter asinvestigações sob sigilo, mas sentimos falta decomunicação. Pelo menos para quem estádiretamente interessado ou ameaçado”, afirmou o bispo deAbaetetuba à Agência Brasil.Hádois anos, dom Erwin está sob proteção doPrograma de Proteção aos Defensores dos DireitosHumanos, ligado à Secretaria Especial de Direitos Humanos daPresidência da República (SEDH). Há pelo menos 10anos, ele passou a ser ameaçado de morte, segundo dom Flávio,por denunciar irregularidades no sul do Pará.Inicialmente,eram casos de grilagem, invasões de terras e extraçãoilegal de madeira. Há cerca de 10 anos, dom Ervim denunciou acastração de vários meninos da região,que eram seqüestrados e, em alguns casos, mortos.“A gota d'águafoi essa rede organizada em Altamira para a exploraçãosexual de crianças e adolescentes”, disse dom Flávio.“Naquela região, os ameaçadores demonstraram que nãoera só intimidação, mas que podem concretizaraquilo que ameaçam”, afirmou o bisco de Abaetetuba, emreferência ao assassinato na religiosa norte-americana DorothyStang, na mesma área do estado onde dom Erwin trabalha.De acordo com ocoordenador geral do Programa de Proteção aosDefensores dos Direitos Humanos da SEDH, Fernando Matos, as denúnciasestão sendo acompanhadas e investigadas.Pouco depois da nota publicada pela CNBB, revelou Matos, foi realizada umareunião com a Polícia Federal para pedir apoio nainvestigação das novas ameaças. “Desde antesda divulgação da carta da CNBB, a secretaria, por meioda ouvidoria e do Programa de Proteção aos Defensoresdos Direitos Humanos, vem acompanhando a situação gravee preocupante das denúncias no estado no Pará”,afirmou.Ontem (23), o Conselho de Defesa dos Direitos daPessoa Humana aprovou a ida de uma comissão especial paraouvir os três bispos ameaçados de morte. “Nósouviremos pessoalmente os bispos, as suas denúncias, as suaspreocupações em relação àexploração sexual infanto-juvenil e ao tráficode drogas. A partir disso, acionaremos as estruturas policiais doestado e, se necessário, as federais para dar prosseguimentonas denúncias”, disse Matos.No contato com os bispostambém devem ser repassadas informações sobre oandamento das investigações, tanto das denúnciasquanto das ameaças.