Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Há 78 dias em greve, os servidores da saúde de Alagoas continuam sem expectativa de retomar o trabalho. Hoje (8), o Conselho Estadual de Saúde decidiu intermediar as negociações entre o movimento e o governo estadual e pediu uma audiência com o governador, Teotônio Vilela. A reunião ainda não tem data marcada.“Já que o governo afirma que os representantes das categorias em greve não têm legitimidade e o movimento não reconhece os enviados pelo governo, vamos ver no que podemos ajudar”, disse Nelson Lima do conselho de saúde.Estão em greve 13 categorias de profissionais da área, com exceção dos médicos. De acordo com o Movimento Unificado da Saúde, são oito mil funcionários de nível elementar, médio e superior, técnicos e auxiliares. Entre eles, dentistas, psicólogos, técnicos de enfermagem e maqueiros.O vice-presidente do Sindicato dos Enfermeiros de Alagoas, Wellington Monteiro, que representa o Movimento Unificado da Saúde, afirma que apesar de a reivindicação inicial pedir 80% de reajuste no salário, os servidores aceitam negociar um percentual de 39%. O movimento quer também a volta do pagamento do adicional noturno e de insalubridade, suspenso em setembro pelo governo, "o que acarretou perdas salariais entre R$ 300 a R$ 500". Integrante da comissão do conselho de saúde que negociará com o governo, a promotora de saúde Micheline Tenório explica que muitos profissionais do setor recebiam os adicionais sem merecê-los, mas que o corte deveria ser feito com base em um levantamento. “Não posso dizer que é uma retaliação [à greve]. O problema é que retiraram de todo mundo. Isso é injusto”.O problema, segundo Tenório, dificulta as negociações que "estão difíceis".“Precisamos chegar a um consenso. Não dá para continuar do jeito que está. A população entende o direito da classe reivindicar aumento salarial mas ao mesmo tempo se sente lesada por conta da demora na paralisação”.Apesar de terem recebido um reajuste de 40,8% em agosto, os médicos também não estão satisfeitos com a saúde no estado. O presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Moura, reclama da falta de infra-estrutura dos hospitais e destaca a situação na capital, Maceió. “Está faltando agulhas para endoscopia e medicação básica na unidade de emergência. Temos visitado toda as unidades e a situação não melhorou ainda", disse Moura.Até a publicação desta reportagem, a Secretaria de Saúde de Alagoas não respondeu à Agência Brasil. De acordo com a página da secretaria na internet, o governo ofereceu em outubro um reajuste de 24% para os profissionais do setor e a regularização do adicional noturno e de insalubridade. Além disso, reforçou as medidas para melhorar as condições de trabalho.