Brasil e Argentina discutem construção de hidrelétrica binacional no Rio Uruguai

03/08/2007 - 21h47

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Brasil e Argentinadiscutem a construção de uma usina hidrelétricabinacional no Rio Uruguai. De acordo com o oministro argentino das Relações Exteriores, ComércioInternacional e Culto, Jorge Taiana, o projeto – batizado de Garabi– já está sendo tratado em nível ministerialpelos dois países. O chanceler se reuniu hoje (3) em Brasília com o ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, e assegurou: "Já se está trabalhando e avançando de maneira bastante decidida nestaobra”. Amorim destacou ointeresse recíproco em cooperação na áreaenergética: “Temos interesses comuns em nos ajudarmosmutuamente na área de energia, temos feito quando issonecessário. Num processo de integraçãoda América do Sul, certamente haverá necessidade de energia.Teremos que usar todas as formas de energia”.Os chanceleresreafirmaram o interesse na construção do Gasoduto doSul, unindo Venezuela, Brasil e Argentina. Na última semana,durante inauguração de uma fábrica na Venezuela,o presidente Hugo Chávez havia lamentado o esfriamentodo projeto. “É natural que essas coisas tomem tempo, não são projetossimples nem do ponto de vista técnico nem do ponto de vistaempresarial e financeiro. Compreendo queas demoras que ocorrem gerem frustrações, mas pelomenos do nosso ponto de vista é um projeto que continua vivo”,assegurou Celso Amorim.Com relaçãoao Banco do Sul – outro projeto que ainda não foi implementado –, Amorim e Taiana informaram que o tema será tratadopor ministros de Economia da região, em reunião no dia 23, no Rio de Janeiro. “Queremos que o Banco doSul fique pronto, mas certamente preparar um organismo regional dessanatureza é um trabalho que deve ser bem feito. Nãovamos apurar, mas vamos trabalhar para fazer as coisas bem feitas”,disse Jorge Taiana. Amorim garantiu quehouve avanços em questões técnicas desde areunião ministerial realizada em Assunção, emjunho, quando foram lançados dois documentoscom os princípios básicos para a constituiçãodo banco. Mas também evitou fazer previsões sobre olançamento da instituição regional de fomento.“Queremos que seja um banco que cumpra as finalidades de apoio aodesenvolvimento e que, ao mesmo tempo, seja tecnicamente sólido”,afirmou. “Hesito muito em fazer previsões de quando estascoisas vão acontecer, porque depende um pouco das negociações,mas temos interesse que avance rapidamente”, garantiu.Na reunião dehoje (3), que durou duas horas e meia, os chanceleres ainda analisaram outros temas da agenda bilateral, como comércio einvestimentos, e cooperação nas áreas de defesa,espacial e nuclear. Amorim e Taiana recomendaram, aosvice-ministros de Relações Exteriores dos dois países,a criação de um comitê de acompanhamento daexecução do chamado Iguaçu + 20 – compromissosassumidos em 2005, nas comemorações dos 20 anos daDeclaração de Iguaçu (ato de integraçãobilateral entre Brasil e Argentina que deu origem ao Mercosul) .Outros assuntostratados foram as relações no âmbito do Mercosule da União das Nações Sul Americanas (Unasul),atuação no Haiti e cooperação emorganismos multilaterais, como a Organização Mundial doComércio (OMC) e a Organização das NaçõesUnidas (ONU). “A Argentina é o principal aliado do Brasil– não só na região, mas no mundo”, resumiuAmorim.