Governo quer engajar jovens carentes e lideranças comunitárias na segurança do Pan

19/03/2007 - 23h10

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O secretário Nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, defendeu que, ao sediar os Jogos Pan Americanos, o Brasil envolva toda sua população no evento. Ao falar para representantes de 13 dos 42 países participantes, ele destacou uma série de iniciativas que visam engajar a população na organização dos jogos e possibilitar benefícios duradouros para a cidade. Boa parte dos projetos é voltado a jovens de comunidades carentes."Mudamos o modelo. Ao invés da tradição brasileira, que sempre adotou a política da contenção das comunidades carentes durante os eventos de grande porte, desta vez nós estamos chamando estas populações para participarem e se envolverem no evento”, disse Corrêa. “Se nossa preocupação fosse apenas garantir a segurança dos jogos, poderíamos apenas contratar uma assessoria, mas, então, não teríamos os efeitos desejados em termos de resgatar a segurança do Rio de Janeiro”.Corrêa informou que 148 líderes de comunidades próximas aos locais onde acontecerão os jogos já participaram do curso de Resolução Pacífica de Conflitos. “Exatamente porque o Estado não tem capilaridade nestes locais e só se move quando um pequeno conflito ganha o status de ocorrência policial. E nós temos de tratar este conflito antes mesmo que ele seja institucionalizado. E nada melhor que um ator social local como as lideranças comunitárias”.Corrêa revelou ainda que, desde o ano passado, jovens de 14 a 24 anos de 149 comunidades participam dos cursos de formação de guias cívicos. Durante quatro meses, esses jovens, selecionados preferencialmente entre os que vivem em situação de risco - incluindo alguns que cumprem medidas sócio educativas -, têm aulas sobre cidadania, ética, solidariedade, trânsito e turismo. Terminado o curso básico, eles passam a frequentar aulas de espanhol e inglês. Em contrapartida, recebem além de lanche, transporte, uniforme, seguro de vida e ingressos para os pontos turísticos, uma ajuda de custo correspondente a metade de um salário mínimo.Outro projeto apresentado pelo secretário é o que visa capacitar jovens e lideranças comunitárias em técnicas de construção civil e desenho urbano. “Para que eles, na medida do possível, atuem no aspecto arquitetônico, considerando isso uma questão de melhorar a auto -estima da comunidade”.De acordo com Corrêa, 1030 pessoas já foram capacitados. O objetivo do Ministério da Justiça é criar um Centro Educacional que perpetue a prática após o término dos jogos. “Vai ser instalado na Pedra do Sapo, no Complexo do Alemão, local onde o repórter da Rede Globo, Tim Lopes, foi morto”. Outros mil jovens que receberam treinamento básico de primeiros socorros e combates a incêndios vão complementar as ações militares e atuar em suas próprias comunidades, principalmente nas favelas.