CVM investiga ocorrência de informação privilegiada na venda da Ipiranga

19/03/2007 - 21h14

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda responsável pela regulação e fiscalização do mercado de capitais – iniciou hoje (19) investigação sobre a venda do grupo Ipiranga ao consórcio formado pelas empresas Petrobras, Ultra e Braskem, anunciada também hoje.Está sob investigação da CVM a oscilação de preços das ações da Ipiranga, que chegaram a subir 4,1% na última sexta-feira (16), quando surgiram os boatos sobre a venda. Segundo Marcelo Marques, chefe de gabinete da CVM, a autarquia questiona se houve vazamento de informação, o que no jargão do mercado é conhecido como "informação privilegiada". Uma informação dessa natureza costuma resultar em ganhos para determinadas pessoas em detrimento de outras. “Nós estamos recolhendo os dados e está sendo investigado”, disse. Caso fique comprovado o vazamento de informação, as pessoas envolvidas estão sujeitas a penalidades, dependendo do ilícito. “Em princípio, é uma multa acima do valor que ela obteve como lucro”, afirmou. Como exemplo, Marques citou o caso ocorrido na Security Exchange Comission (SEC) – a CVM dos Estados Unidos –, onde um ex-administrador da Sadia utilizou-se de informação privilegiada na compra da Perdigão. A SEC calculou o lucro dele na operação em mais de US$ 100 mil e aplicou multa equivalente ao dobro do preço, informou.Em relação à venda do grupo Ipiranga para outros investidores brasileiros, a CVM não faz, em princípio, nenhuma objeção, segundo Marcelo Marques. O grupo era controlado até hoje por cinco famílias (Gouvea Vieira, Tellechea, Ormazabaal, Matos e Aguiar) e completaria, em setembro, 70 anos de fundação.