Financiamento estudantil com consignação em folha depois que jovem estiver empregado é novidade em estudo

15/03/2007 - 19h03

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou nestaquinta-feira que o Planl de Desenvolvimento da Educação (PDE), a ser anunciado pelo governo até abril, deve incluir mudanças no sistema de crédito estudantil. SegundoHaddad, o financiamento poderá chegar a 100% do valor empregado no custeio da universidade. O pagamento será feitoapenas depois que o jovem estiver formado e empregado, por consignaçãoem folha, tal como hoje operam os empréstimos para aposentados.  “O financiamento estudantil foi todo malpensado no Brasil. Ele atendia quem não podia pagar, então o rombo dosfundos que financiavam os estudantes era crescente”, afirmou.“Precisamos criar mecanismos de financiamento para essa camada que nãopode pagar nada”, ressaltou, durante apresentação do Plano deDesenvolvimento da Educação (PDE) para especialistas em educação, nopalácio do Planalto.Segundo Haddad, o financiamento de100% valerá para os estudantes do Programa Universidade para Todos (Prouni) que têm bolsa de 50% dainstituição de ensino. Assim, os outros 50%, hoje pagos pelo estudante,passarão a ser financiados pelo governo federal. O estudante apenasprecisará autorizar o desconto em folha de pagamento após empregado –de acordo com o ministro, a taxa média de desemprego entrerecém-formados é de apenas 2,6%. “Se ampliarmos o prazo definanciamento para alguma coisa em torno de dez anos, a prestação queele vai ter que pagar por mês é de R$ 100, e o salário médio dorecém-formado é de R$ 2 mil, segundo dados da Pnad [Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio]. Portanto, com 5% da renda, ele honra o financiamento sem nenhuma dificuldade”, estimou. Outranovidade beneficiará diretamente as instituições de ensino queparticipam do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior –FIES, programa do Ministério da Educação destinado ao financiamento doensino superior.  Pelo atual sistema, tais instituições não recebemdinheiro do poder público mas, sim, títulos do Tesouro Nacional que sópodem ser utilizados para pagamentos de dívidas correntes. Como muitasdessas instituições não têm débitos correntes, o governo federaldecidiu autorizar o uso dos títulos também para quitação de dívidasantigas com a União “Isso vai induzir [as instituições de ensino] aoferecer mais 'meias bolsas' no Prouni”, disse Haddad. “É um jogointeressante de ganha-ganha. Ganha o bolsista, ganha o poder públicoque recebe seus tributos correntes e devidos, ganha a instituição queconsegue pagar as suas dívidas”, avaliou. Só poderão ser beneficiados pelas novas regras, porém, cursos que tenham tirado pelo menos nota 3no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).