Cristiane Ribeiro
Enviada especial
Porto Velho (RO) – A construção das usinas hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau no Rio Madeira em Rondônia é importante para evitar novo apagão, segundo o coordenador do grupo de trabalho (GT) interministerial Usinas do Rio Madeira, Telton Correia. "Mas a obra não será feita a qualquer custo", complementou ele, que falou para as cerca de 500 pessoas que lotaram o auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Porto Velho, durante o primeiro debate público sobre o complexo do Rio Madeira.
Promovido pela prefeitura da cidade, o encontro reuniu representante dos ministérios de Minas e Energia e Meio Ambiente e os empreendedores do projeto Furnas Centrais Elétricas e a construtora Norberto Odebrecht.
Correia admitiu que o projeto tem um complexo processo de licenciamento ambiental. O pedido de licenciamento ambiental foi encaminhado ao Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) em junho do ano passado e no início desse ano, o órgão pediu estudos complementares, que já foram entregues e agora estão sendo analisados. Contudo, fez garantias de que o governo está atento às medidas propostas pelos empreendedores para minimizar os impactos sócioambientais.
"Nós estamos monitorando. O processo está em andamento e ainda tem uma série de medidas que precisam ser avaliadas e que dizem respeito aos impactos socioeconômicos e ambientais, mas nós entendemos que o processo, sendo bem conduzido com todos os cuidados necessários, vai eliminar e mitigar todos os impactos", disse o coordenador.
O diretor da construtora Odebrecht, José Bonifácio Pinto Júnior, destacou que o empreendimento vai gerar entre 12 e 14 mil empregos diretos. E que os trabalhadores do estado terão prioridades nas contratações.
Os representantes de movimentos sociais e organizações não-governamentais (ONGs), que estão na cidade discutindo os impacto das usinas, também foram ouvir as explicações do governo e dos empreendedores sobre o projeto. Para o professor da Universidade Federal de Rondônia, especialista em energia e integrante da ONG Kanindé, Arthur Moretti, os argumentos apresentados ainda não foram suficientes para convencer a sociedade civil sobre a necessidade da construção do complexo.
"O empreendimento vai provocar um significativo aumento populacional e os estudos do projeto não prevêem, por exemplo, programas para atender a demanda de saúde, educação e transporte", disse o professor.