Ana Paula Marra e Marcos Chagas
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – O ex-deputado e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, também está na lista de sugestões de indiciamentos que será encaminhada ao Ministério Público. O deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), em seu relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, afirma que fica demonstrado que Dirceu, segundo fica evidente no depoimentos de várias pessoas, "estava a par de todos os acontecimentos e coordenava as decisões, junto com a diretoria do PT".

Segundo Serraglio, várias pessoas confirmaram que o ex-ministro sabia dos empréstimos e do esquema do mensalão. Uma delas seria a sócia do empresário Marcos Valério, Renilda Santiago, que declarou à CPMI dos Correios, em julho do ano passado, segundo traz o relatório, que Valério tinha lhe dito que Dirceu sabia dos empréstimos.

No documento, Serraglio relembra que o ex-deputado Roberto Jefferson também destacou a participação central de Dirceu na idealização do "mensalão". O empresário Marcos Valério também descreveu à Procuradoria Geral da República, que houve participação do ex-ministro "nas tentativas do negócio que estava na base do mensalão", diz o relatório de Serraglio.

Outro depoente, o ex-tesoureiro do PTB, Emerson Palmieri, também confirmou que foi a Portugal para testemunhar uma reunião a pedido de José Dirceu. Em ocasiões nas quais Dirceu não estava presente, na transferência de dinheiro do PT para o PTB, diz o relatório, era consultado freqüentemente. Assim que fechavam os acordos, acrescenta Serraglio em seu relatório, José Genoíno e Delúbio Soares informavam o teor das conversas a Dirceu.

A CPMI dos Correios tomou depoimento do ex-ministro, para respostas às acusações. Dirceu, segundo o relatório, "negou que tivesse participação no mensalão".