Falta de quórum adia para abril assembléia de credores da Varig

29/03/2006 - 15h38

Rio, 29/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - Por falta de quórum, foi adiada para o dia 5 de abril a assembléia de credores da Varig, que estava prevista para hoje (28). Das três classes de credores da companhia, compareceram apenas 9,6% dos representantes dos trabalhadores, o que inviabilizou a instalação da assembléia. Nas demais classes (com garantias e sem garantias), a participação foi de 100% e de 80,4%.

A direção da Varig lamentou o fato, mas demonstrou confiança em uma solução no dia 5 de abril próximo, "mesmo sem quórum". A empresa Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), formada por pilotos para negociar a compra e venda de ações da companhia, discordou do detalhamento do plano de reestruturação, aprovado por 97,5% dos credores da Varig no dia 23 de fevereiro.

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Graziella Baggio, informou que a TGV não concordou com o detalhamento profissional do plano de reestruturação e está lançando mão de vários instrumentos para alterar o que foi aprovado. Graziella Baggio disse que a TGV entrou com algumas petições na 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, tentando impugnar o detalhamento do plano.

Segundo a sindicalista, a TGV não foi atendida em seus pleitos "porque o número de créditos que tem não é suficiente para mudar o status quo de qualquer coisa". Os maiores credores do grupo Varig são o fundo de pensão Aerus, a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), o Banco do Brasil e a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

Em razão de liminar concedida pela Justiça à TGV, o sindicato está impossibilitado de votar nas assembléias da Varig, informou Graziella. Ela compareceu à assembléia de hoje, mas não teve voz na discussão. De acordo com Graziella, a questão está sendo examinada pela Justiça do Trabalho, mas o sindicato ainda não conseguiu nenhum resultado. O SNA representa todos os trabalhadores das companhias aéreas, sindicalizados ou não.

Graziella disse que, pessoalmente, discorda do plano de reestruturação da Varig, aprovado no dia 23 de dezembro do ano passado. "O plano não é simpático, porque propõe demissões e suas premissas básicas não têm embasamento", afirmou. Além disso, acrescentou, o plano "já não está sendo cumprido", na medida em que deixaram de pagar o fundo de pensão, e a Varig atualmente "não tem nem 50 aeronaves voando" do total previsto de 69 aviões.

Durante a assembléia, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, sugeriu o nome da consultora Brascan para gestora dos fundos de investimento e participação que servirão de base à reorganização societária e financeira da empresa. Segundo Graziella, a proposta foi recebida com "bastante impaciência" pelos credores, porque, até ontem (28) à noite, a instituição que estava sendo indicada era o Mellon Bank, e a alteração não foi discutida previamente entre Bottini e os credores.

A assembléia de 5 de abril vai decidir se ratifica o nome do gestor dos fundos de investimento e participação e investimento e da consultoria que fará a reestruturação da empresa, uma vez que os credores podem não acatar a sugestão do presidente da Varig, explicou a sindicalista.