Brasileiro dorme pela última vez na Terra antes de viajar ao espaço

29/03/2006 - 13h15

Flávio Dieguez*
Enviado especial

Baikonur (Cazaquistão) - Depois uma manhã agitada, o primeiro astronauta brasileiro dorme pela última vez antes de voar ao espaço. Faltando menos de 12 horas para o disparo da nave russa Soyuz, que levará ao espaço Marcos César Pontes, o clima é de relativa calma no cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.

Pontes e seus dois companheiros de vôo – o russo Pável Vinogradov e o americano Jeffrey Williams – estão neste momento dormindo, de acordo com a agenda oficial. Devem dormir até as 10h30, pelo horário de Baikonur (correspondente a 13h30 no horário de Brasília).

No início da manhã, os três viajantes foram apresentados à imprensa no Hotel dos Cosmonautas, situado na cidade de Baikonur, vizinha ao cosmódromo.

Todo o alto comando da missão de número 13 à Estação Espacial Internacional – composta por dez autoridades – participou do evento, em particular o presidente da empresa russa Energia, Nikolai Sevastianov, que também tem o título de principal engenheiro, na terminologia tradicional do Estado russo.

Outra figura de destaque, ao lado de Sevastianov, foi o vice-presidente da agência espacial russa, Nicolái Moiseev, chamada Roscosmos; Tsibliev Vasily, diretor do Centro de Treinamento Gagárin; o representante da Nasa Gene Kranz, um dos mais conhecidos diretores de vôo da agência espacial americana; e Raimundo Mussi, gerente da missão Centenário que levará Marcos Pontes ào espaço.

Às 11h em ponto os astronautas falaram com a imprensa. Marcos Pontes comparou seu vôo, realizado na Rússia, portanto fora de seu país, com o vôo de Santos Dumont, também realizado fora do Brasil, na França, em 1906 – e daí o nome da missão brasileira: Centenário.

Ele disse que sua missão tem, acima de tudo, um caráter idealista: "Gostaria que a imprensa ressaltasse que o motivo de explorarmos o espaço, de querermos ir além de nossos limites, não é apenas pelo conhecimento, mas porque é isso que tem feito a humanidade prosseguir".

*A viagem do enviado especial é resultado de parceria entre a Radiobrás e o Ministério de Ciência e Tecnologia