Autor e crítico do "Consenso de Washington" discutem financiamento para América Latina

29/03/2006 - 13h42

Yara Aquino e Daniel Merli
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – Na próxima sexta-feira (31), o "Consenso de Washington" deve ser colocado em debate em Belo Horizonte, capital mineira. O autor do documento, o economista britânico John Williamson, vai participar de uma mesa de discussão com um dos principais críticos de suas idéias, o seu colega norte-americano Joseph Stiglitz.

Em 1989, Williamson publicou um texto, intitulado "Consenso de Washington", que definia um plano de desenvolvimento para a América Latina, baseado em idéias que seriam consensuais nas instituições sediadas na capital norte-americana: Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Williamson defendia a abertura comercial dos países e políticas de ajuste fiscal, para aumentar o pagamento da dívida.

As idéias do britânico foram criticadas, cerca de dez anos depois, por Stiglitz, que ganhou um Prêmio Nobel de Economia. Autos do livro A globalização e seus malefícios, o norte-americano afirma que a abertura comercial destruiu as indústrias dos países pobres e aumentou a desigualdade global.

Esta semana, em Belo Horizonte, os dois participarão do mesmo debate, "Reflexões sobre os bancos de desenvolvimento na América Latina". A discussão faz parte da reunião anual do BID, que acontece pela quarta vez no Brasil. Para a 74ª edição do evento, o BID espera um público de cerca de 12 mil pessoas entre os dias 29 de março e 5 de abril em Belo Horizonte.

A plenária oficial acontece entre 3 e 5 abril, mas desde o dia 29 de março diversos seminários discutem temas como inovações tecnológicas e competitividade, gestão pública e o papel dos bancos de desenvolvimento.

Dentre os participantes esperados estão os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales, da Bolívia e José Manuel Zelaya Rosales, de Honduras. Empresários e delegações oficiais dos 47 países que integram o BID, além de representantes de organizações não-governamentais também estão presentes.

Paralelo à reunião do banco, movimentos sociais como o Fórum Social Mineiro e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizam encontros para discutir o modelo de atuação do BID e a construção de um projeto de desenvolvimento popular para o Brasil.

Criado em 1959, o BID é a maior e mais antiga organização de desenvolvimento regional e principal fonte de financiamento multilateral para a América Latina e o Caribe. O banco tem o objetivo de promover a integração e desenvolvimento regional apoiando programas sociais. O Brasil é sócio fundador e segundo maior acionista do BID junto com a Argentina. É também o maior tomador de recursos da instituição. Atualmente o banco tem 47 países membros, 28 no Hemisfério Ocidental e 16 na Europa, além de Israel, Japão e Coréia do Sul.