Desenvolvimento nem sempre é sinônimo de igualdade social, aponta pesquisa

27/10/2005 - 20h45

Alessandra Bastos
Enviada especial

Recife - A diversidade cultural brasileira é tema de orgulho para o país e para as políticas do Ministério da Cultura. Mas com tantas diferenças regionais, é preciso criar programas adequados aos diversos problemas estaduais e municipais. É o que discutem os representantes de 32 países que participam da terceira reunião da Rede Interamericana de Alto Nível sobre Descentralização, Governo Local e Participação Cidadã (Riad) da Organização dos Estados Americanos (OEA).

O encontro tem como objetivo a regionalização, para que o país cresça como um todo. Mas crescimento aqui não é a palavra-chave. Estudo das Nações Unidas revela que os Estados Unidos e o Canadá foram os países onde a desigualdade mais cresceu nos últimos anos. A pesquisa mostra que, nem sempre, desenvolvimento é sinônimo de igualdade social. "A desigualdade social deixou de ser um problema dos países pobres. Hoje ataca todo o planeta e tem crescido nos países mais industrializados", afirma o autor da pesquisa, Roberto Guimarães.

A globalização, crescente na última década, não pode ser considerada a única causa da desigualdade social no mundo. "A desigualdade e a pobreza antecedem a globalização. Mas é correto dizer que o aprofundamento e o alastramento da desigualdade vem, ao mesmo tempo, que a globalização", diz Roberto Guimarães. Um dos impactos negativos da globalização, segundo o autor, foi a perda de autonomia dos estados para se definir políticas. "É preciso pensar globalmente e agir regionalmente", acrescenta.

A pesquisa aponta que a desigualdade mundial faz com que 49,7% das pessoas que têm trabalho ganhem menos de US$ 5 por dia. Enquanto a expectativa de vida nos países ricos é de 65 anos, nos países pobres é de 36 anos. A desnutrição afeta hoje 852 milhões de pessoas, das quais 815 milhões estão nos países pobres.

O autor diz ainda que a pesquisa revela que a pesquisa revela que "os países pobres sofrem de extremos", já que abrigam 75% dos obesos em todo o mundo. Pelo estudo, em 2004, a "obesidade matou mais gente que o cigarro", lembra Roberto Guimarães. Por ironia, hoje são os pobres e imigrantes que mais contribuem na redução da pobreza: "O que os pobres mandam a seus países é o dobro do que os países ricos ajudam no desenvolvimeto dos mais pobres".