Marcos Chagas e Michèlle Canes
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apresentou durante o depoimento do ex-diretor de Tecnologia dos Correios, Eduardo Medeiros de Morais, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção na estatal, ofício em que Moraes reconhece dívida com a Metalúrgica Gadotti Martins Carrinhos. O documento foi assinado em 1996. O ex-diretor negou que conhecesse o empresário Vilmar Martins, dono da metalúrgica, e que tivesse conversado com ele por telefone nos últimos dias.
Segundo Suplicy, o empresário, que acompanhou o depoimento, informara que um funcionário da delegacia regional dos Correios em Belo Horizonte havia cobrado propina, em dólares, no valor de 20% do contrato de R$ 739 mil, para que fossem aceitos os carrinhos de transporte de correspondência fabricados na metalúrgica.
Suplicy contou ter ouvido de Martins que o empresário procurou pessoalmente o ex-diretor dos Coreios e que este teria telefonado para o gerente de Belo Horizonte autorizando o recebimento da mercadoria. "O gerente disse que se o empresário quisesse que a mercadoria fosse recebida, teria que deixar 20% do valor em dólares, como uma contribuição, e que Eduardo Medeiros de Morais receberia 10% do valor total", informou o senador.
A apresentação do documento fez com que o presidente da CPMI, senador Delcídio Amaral (PT-MS) suspendesse a sessão. Medeiros, que depôs como testemunha, assinara um termo no qual se comprometia a dizer a verdade, sob pena de sair preso.
Retomada a sessão, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) propôs – e o presidente da CPMI aceitou – que os documentos fossem encaminhados ao Ministério Público e o empresário Vilmar Martins, ouvido nesta quarta-feira (13) por um grupo de parlamentares da Comissão.