Presidente do Congresso deve conseguir mobilização a favor de referendo sobre armas, diz Gil

19/06/2005 - 17h44

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio - O ministro da Cultura, Gilberto Gil, comentou hoje (19) à tarde que o o andamento do processo de regularização do referendo sobre o porte de armas é "atrapalhado" pela discussão no Congresso de denúncias de corrupção nos Correios e de distribuição de mesadas a parlamentares em troca de apoio ao governo, feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Disse, no entanto, acreditar que o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), vai conseguir mobilizar os deputados e senadores: "Ele é um partidário do referendo e vem trabalhando, fortemente. Espero que ele agilize o Congresso em geral para que (os parlamentares) se pronunciem dentro do prazo – ou que estenda o prazo."

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marcou para 23 de outubro deste ano a realização do referendo popular sobre a comercialização de armas no país. O presidente do TSE, ministro Carlos Velloso, assegurou ao presidente do Congresso que, para viabilizar essa data, o Congresso Nacional precisa aprovar ainda este mês o projeto de decreto legislativo que autoriza a consulta.

O ministro da Cultura deu a declaração após participar da entrega da Praça dos Brinquedos, construída num conjunto residencial em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Os equipamentos da praça foram feitos com o ferro derretido de armas arrecadadas na Campanha Nacional de Desarmamento.

O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, que no evento representou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse não acreditar que os fatos políticos impeçam a regulamentação por parte do Congresso. "Acredito que dentro do prazo o Congresso vai se manifestar", comentou. "O senador Renan Calheiros é um defensor da causa e tem a presidência do Congresso. O ministro Márcio (Thomaz Bastos), o próprio presidente (Lula), a sociedade, todo mundo já demonstrou. Os políticos não vão desconsiderar essa mobilização", disse.

O ministro Gilberto Gil também falou que a sociedade tem condição de pressionar os parlamentares. "Eles são os representantes, e nós, os cidadãos, estamos dizendo que queremos dizer sim ou não. Que o Brasil se coloque claramente quanto a isso. A arma só é um potencial instrumento de violência gratuita e de acidentes. A campanha é exatamente nesse sentido de convencer o Congresso a marcar de imediato o referendo para a que a opinião brasileira emerja através do voto", concluiu.