Denúncias contra PT são falsas e seus ''agentes'' têm ''vínculo'' com oposição, afirma documento

19/06/2005 - 18h55

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - No documento final da reunião do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), "Em Defesa do PT, da Ética e da Democracia", o partido afirma que as denúncias de corrupção feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) são "falsas" e são usadas com a intenção de "comprometer o governo Lula e a história do partido". O encontro aconteceu ontem (18), em São Paulo. De acordo com o documento, aprovado em votação, "existe um evidente vínculo entre os agentes de falsas denúncias contra o PT com setores da oposição – especialmente do PSDB e do PFL".

O texto diz ainda que o depoimento de Jefferson na Câmara serviu para produzir uma peça de propaganda do PSDB veiculada na televisão. "Não contentes com as falsas acusações, setores da oposição (...) começam a agir de forma desinibida para desestabilizar o governo de forma artificial e irresponsável", afirma o diretório do PT.

O partido define as denúncias como "uma campanha patrocinada por setores da oposição e pela direita que se expressa numa tentativa de condenar política e moralmente o PT num processo sem fatos e sem provas".

Ao chegar para a reunião do diretório, realizada ontem (18), o ministro da Educação, Tarso Genro, afirmou que exsite uma tentativa de "deslegitimação premeditada" do governo Lula pela oposição. Para o ministro, a queda na avaliação do governo, indicada em pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada na última sexta-feira (17) – os dados, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais, apontavam a confiança no presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 56%, contra 60% em março -, reflete um momento de intensa disputa: "Isso é o que estão fazendo o PSDB e o PFL, a centro-direita. Eles estão inconformados. Queriam que o país desse errado nas mãos do presidente", ressaltou Tarso. No entanto, ele ponderou que a postura é "natural do processo democrático" e que "não existe crise institucional nem processo conspirativo".

A resolução do PT estabelece também uma comparação com o governo passado, de Fernando Henrique Cardoso: "no governo Lula as CPIs podem funcionar sem pressão, desde que obedeçam a prerrogativas constitucionais de investigar fatos determinados", enquanto "o governo FHC, ao contrário, abafou todas as investigações, mesmo quando as CPIs eram apoiadas por um milhão e meio de assinaturas e por manifestações populares na frente do Congresso. (...) Foram abafadas as CPIs da compra de votos para a reeleição, do caso Sivam, da privatização das telecomunicações, da pasta rosa."

O documento do diretório nacional do partido aponta ainda que o governo Lula "já demonstrou seus compromissos no combate à corrupção" e cita que, das 77 operações especiais realizadas pela polícia federal, 40 "resultaram em prisões de servidores públicos e integrantes da própria PF. Em 20 desses casos, foram desmontados esquemas de corrupção, extorsão e desvio de dinheiro público."