Iolando Lourenço e Marcos Chagas
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios foi instalada nesta quinta-feira sem acordo entre governistas e oposição para a escolha do presidente e do relator. Uma nova sessão foi marcada para a próxima terça-feira para a eleição do presidente e do vice-presidente da CPMI. Nesta quinta, logo no início da tarde, PSDB, PFL e PDT reuniram-se e indicaram o nome do senador César Borges (PFL-BA) para a relatoria da comissão. A oposição admitia trocar a relatoria pela presidência no eventual acordo com os governistas.
O argumento é de que existe uma tradição de rodízio neste cargos entre oposição e governo. Como a última CPMI instalada foi a da Terra, em que a presidência coube ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e o relator é o deputado João Alfredo (PT-CE), a oposição defende que na CPMI dos Correios a presidência fique com os governistas e a relatoria com eles. A proposta, no entanto, foi rejeitada pelas bancada governista.
O líder do governo no senado, Aloízio Mercadante (PT-SP), destacou que a escolha do presidente e do relator regimentalmente segue o critério da maior bancada, no Senado e na Câmara. Neste caso, ele apresentou os nomes do senador Delcídio Amaral (PT-MS) para a presidência da comissão e do deputado Osmar Cerraglio (PMDB-PR) para a relatoria. "Se a oposição quiser entendimento, nós estamos dispostos. Eu antes de oferecer nomes para a relatoria consultei os lideres da oposição, dialoguei, mostrei a estatura dos nomes que estávamos propondo. Também sugeri a eles que trabalhassem na mesma direção", disse Mercadante.
O nome do senador Edison Lobão (PFL-MA) foi apresentado pelos governistas como um dos nomes aceitáveis da oposição para a presidência da comissão. Segundo Mercadante, como se trata de uma CPMI importante, em período pré-eleitoral, tanto a relatoria quanto a presidência têm que ser ocupada por palamentares "equilibrados e serenos". A oposição não abriu mão da indicação do deputado César Borges, argumentando que o senador Edson Lobão sequer faz parte da CPMI. "O senador escolhido pelo bloco do PFL/PSDB é o senador César Borges. A bancada de deputados não aceita esse veto. É uma arrogância e um desrespeito deste governo, que não tem moral neste momento para ser arrogante com ninguém", rebateu o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia.
Mercadante, no entanto, afirmou que não se trata de veto ao nome do senador César Borges e lembrou que foi oposição durante oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso e, neste período, nunca foi indicado para qualquer cargo de relatoria ou presidência de CPI. Com o impasse criado, o senador Jefferson Peres (PDT-AM), escolhido para presidir os trabalhos por ser o mais velho dos parlamentares da comissão, chegou a suspender por mais de uma hora a sessão na tentativa de que se chegasse a um acordo, o que não aconteceu.
Ainda assim, o pedetista resolveu marcar uma nova sessão para a próxima terça-feira, às 15h, a fim de que as lideranças do govenro e da oposição tenham tempo para conversar e tentar um acordo que permita o andamento tranqüilo dos trabalhos. "Vou na esperança de que nas próximas 72 horas acabe esta marcha da insensatez e deixar para a próxima terça a eleição da presidência da comissão", disse Peres.
Colaborou Juliana Cézar Nunes