Parada do Orgulho LGBTTS reúne mais de 15 mil pessoas em Brasília

05/06/2005 - 19h56

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, transexuais e simpatizantes promoveram hoje a VIII Parada do Orgulho LGBTTS na Esplanada dos Ministérios em Brasília. O tema deste ano foi "Direitos iguais, nem mais nem menos". O movimento centrou suas reivindicações na igualdade de direitos e na aprovação de 15 projetos de lei de interesse do segmento, em tramitação no Congresso Nacional. Segundo o coordenador geral da parada, Welton Trindade, mais de 15 mil pessoas participaram da manifestação, a maior já realizada na capital federal.

Welton Trindade disse que dos projetos de interesse da categoria, o mais importante é o da ex-deputada Marta Suplicy que trata da união civil entre pessoas do mesmo sexo. O projeto tramita na Câmara dos Deputados há mais de 10 anos. Ao reclamar da demora na aprovação de projetos de interesse do movimento, o coordenador chegou a questionar a democracia brasileira. "É um absurdo a gente achar que o Brasil é uma democracia, sem que o Congresso aprove 15 projetos de nosso interesse como o da União Civil. O Brasil não é uma democracia, enquanto milhões de homossexuais têm seus direitos negados", afirmou.

Segundo Trindade, o Brasil é o segundo país do mundo em paradas gays, com 43 realizadas até hoje, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. "Isso prova que o país está antenado com o movimento. O número de simpatizantes é muito grande e quem é contra são os preconceituosos", disse. Ele informou que o movimento LGBTTS vem crescendo muito em todo o país e a cada dia intensificando as lutas por direitos iguais aos demais cidadãos brasileiros e pelo fim da discriminação.

A VIII Parada do Orgulho LGBTTS, que fez sua concentração em frente ao Congresso Nacional e seguiu pela Esplanada dos Ministérios, fez, por meio de um grupo de teatro da cidade, sátiras ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), por sua posição contrária ao projeto que autoriza a união civil entre pessoas do mesmo sexo. O grupo montou "O estatuto do Severino", com frases ditas pelo parlamentar como: "mulheres devem casar virgens e homens devem praticar sexo antes do casamento".

Ao criticar o presidente da Câmara, Welton Trindade disse que ele representa as pessoas preconceituosas do Parlamento e da sociedade brasileira. "Ele representa esse lado que o Brasil precisa aniquilar", afirmou. Para o coordenador, não é surpresa o conservadorismo de muitos parlamentares. "O Parlamento já foi lugar de posições contra a abolição da escravatura e os direitos das mulheres. Isso está se repetindo contra os homossexuais, mas a história provou que todos venceram e nós vamos vencer", acrescentou.

José Zuchiwsthi e Cláudio Rocha, funcionários públicos de Brasília que vivem juntos há 23 anos, disseram que participam desses movimentos para pressionar as autoridades pela garantia de seus direitos como cidadãos. "Nós nos sentimos como cidadãos de segunda classe, porque temos uma série de direitos negados, enquanto os brasileiros comuns têm esses direitos", afirmaram. Segundo o casal, entre os direitos que os gays reivindicam está a aprovação da união civil, que garantirá outros 37 direitos aos homossexuais tais como pensão, herança, partilha de bens, seguro de vida, planos de saúde e adoção de crianças. "Estamos reivindicando todos os direitos que a família brasileira tem. Acreditamos na ética, na cidadania, na seriedade e honestidade das autoridades para conquistarmos esses direitos", acrescentaram.

De acordo com Welton Trindade, na VI Parada em 2003 estiveram presentes cerca de 12 mil pessoas. Em 2004, na VII Parada o número de participantes ultrapassou 9 mil.