Carolina Pimentel
Enviada especial
Aracaju (SE) - Devido a forte mobilização popular contra o projeto de integração do Rio São Francisco ás bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, o Ibama decidiu cancelar audiência pública paradebater o processo de licenciamento do projeto na capital sergipana.
Em nota, o instituto disse que "o clima de hostilidade constrange o debate democrático e a diversidade de opiniões". Quase cinco mil pessoas protestaram em frente ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Sergipe, local onde a audiência aconteceria, contra o projeto. Com trios elétricos, faixas e camisetas com as seguintes palavras: "Transposição, não. Revitalização, sim", trabalhadores, estudantes, sem-terras e políticos pediam que o governo recupere o Velho Chico, como o rio é chamado no Nodeste.
O diretor de licenciamento ambiental do Ibama, Nilvo Silva, lamentou a oposição ao debate do projeto. Essa era a segunda vez que o Ibama tentava realizar audiência em Aracaju.Ele disse que agora o órgão só marcará audiência se a sociedade estiver disposta a dialogar. "Não vamos mais marcar audiência se não houver forte sinalização da sociedade para o debate", afirmou.
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, Antônio Góes, que participou do protesto, a integração está além da capacidade do rio e não possui vazão suficiente para doar água.. "Você pega hoje peixe de água salgada a mais de 10 Km do mar para o rio",explicou. Segundo ele, o Velho Chico é responsável por 70% da água consumida em Sergipe e a integração poderá ameaçar o abastecimento no estado e em Alagoas.
Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil/SE, Henry Clay Andrade, acredita que a integração será "um golpe mortal ao rio". Ele defende que o governo revitalize o rio e elabore estudo mais ampliado sobre o impacto ambiental da integração, antes de debater o projeto.
Não é a primeira vez que o Ibama cancela audiência sobre o projeto por causa de protestos. O mesmo ocorreu em Minas Gerais e Salvador. Na próxima quarta-feira, será a vez de Maceió debater o projeto.