São Paulo, 20/1/2005 (Agência Brasil - ABr) - Para alcançar um padrão de vida de países desenvolvidos nos próximos 15 anos, o Brasil precisaria investir R$ 7,2 trilhões, tamanho de sua dívida social projetada. Essa é a conclusão de um trabalho elaborado por 17 pesquisadores, entre economistas, sociólogos, geógrafos, jornalistas e outros de diversas universidades
brasileiras.
O estudo consta da quinta edição do Atlas da Exclusão Social, editado pela Cortez Editora, que será apresentado durante o Fórum Social Mundial, a partir do dia 26, em Porto Alegre. Uma análise geral do conteúdo foi antecipada hoje pelo economista Márcio Pochmann, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos organizadores da pesquisa.
O levantamento abrange 5.500 municípios e elegeu oito áreas sociais (educação, saúde, habitação, cultura, inclusão digital, pobreza, trabalho decente e previdência social). Para cada um deles foi definido, como regra para estabelecer um patamar ideal, o conjunto de investimentos
feitos por países considerados de níveis intermediários de desenvolvimento e os de níveis avançados. Nesse sentido, segundo o estudo, o montante necessário em investimentos a
cada ano, até 2020, deve corresponder a 14,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para atingir as mesmas condições atuais dos países considerados de nível intermediário e de 27,6% para alcançar os de nível avançado.
Para todas as áreas, foi realizada uma pesquisa da situação atual e, a seguir, uma agenda projetando as necessidades futuras e os investimentos necessários, em todos os estados do Brasil. Para Pochmann, a falta de metas para programas sociais dos vários governos, desde a década de 50, tem sido o grande entrave. Essas metas, acrescentou, existem para a área econômica e deixam a desejar quando se referem às necessidades gerais da população. Ele defende que haja um engajamento de toda a sociedade para mudar o planejamento
estratégico.
"Uma vez dimensionada a dívida social, o Brasil precisa ter metas de inclusão. E uma vez estabelecido este plano mais organizado para a ação social, de uma forma muito mais
articulada e integrada, podemos ter uma maior eficácia da intervenção pública na área social. O Brasil precisa ter uma equipe na área social, com metas e cronogramas, para que possa ser avaliada e cobrada pela sociedade assim como a equipe econômica nos diferentes governos é avaliada e cobrada", disse Pochmann. "Se o Brasil não fizer esses investimentos, corremos o risco de ter daqui a 15 anos condições sócio-econômicas piores do que as de hoje", afirmou.