Amazônia Ocidental será primeira região beneficiada com retomada do projeto Rondon

15/01/2005 - 16h02

Érica Santana
repórter da Agência Brasil

Brasília - As atividades da primeira fase de retomada do Projeto Rondon, no qual estudantes universitários prestam serviços a comunidades carentes, foram iniciadas hoje (15). Um grupo de 200 pessoas, formado por professores e universitários, vai desenvolver ações de reconhecimento das principais carências das populações de 13 municípios da Amazônia Ocidental. A abertura oficial da nova fase do projeto será realizada quarta-feira (19) em Tabatinga e contará com a presença do presidente Lula.

"Acho ótimo o governo ter despertado para a importância social do projeto, particularmente quanto a sua atuação junto a essas populações mais carentes de determinadas regiões do interior do Brasil. Quando o governo resolve apoiar o projeto Rondon, está não só promovendo a sua expansão em decorrência da injeção de recursos, como também está atendendo a um anseio da juventude universitária", disse o coronel Sérgio Pasquale, coordenador geral do Projeto Rondon entre 1970 e 1975, e presidente da Fundação Rondon entre 1979 e 1980.

Os novos "rondonistas" vão atuar em Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Carauari, Coari, Eirunepé, Fonte Boa, Maturacá, Santo Antonio do Iça, Santa Isabel do Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Tefé e Yaurete.

Pasquale, que também participou da equipe do projeto que deu origem ao Projeto Rondon, realizado em julho de 1967 por 37 universitário cariocas, acredita que ao se comprometerem com programas desse tipo, os universitários se tornam mais atentos à realidade social brasileira. "Participar desse processo de desenvolvimento social e conhecer as áreas mais pobres do Brasil, naturalmente fará com que eles tenham, no futuro, quando vierem a exercer as funções mais importantes do país, uma consciência das várias realidades sociais desse país continente".

A estudante de Odontologia da Universidade de Brasília (UnB), Kátia Seibert, é uma das novas "rondonistas". Ela será uma das responsáveis pelo diagnóstico dentário da população de Fonte Boa, município localizado a 680 quilômetros de Manaus, capital do Amazonas."É uma sensação gratificante, porque você está indo ajudar pessoas que realmente necessitam. Nós, como alunos de uma universidade pública, que recebemos estudos gratuito, temos a obrigação de dar esse respaldo", explicou.

Kátia e dos demais participantes receberam instruções do Ministério da Defesa, coordenador do projeto, que os orientou a não fazer nenhuma interferência num primeiro momento. "O ministério pediu que fosse feita apenas a coleta de dados. Nós iremos caminhar pela cidade, ver o que a população precisa e analisar as reais necessidades da comunidade, para então fazermos um diagnóstico local e poder intervir numa segunda fase. Nós não vamos nos ater à odontologia" contou a estudante. Ao retornar da viagem, os integrantes do grupo terão 30 dias para entregar um relatório sobre as atividades desenvolvidas.

O Projeto Rondon, retomado pelo governo federal a pedido da União Nacional dos Estudantes (UNE), é voltado aos estudantes das áreas de Artes, Ciências Sociais Aplicadas, Exatas e da Terra, Agrárias, Biológicas, Humanas, Engenharia, Letras, Lingüística e Saúde.