Brasília - Estudos realizados pela liderança do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal indicaram que, até dezembro de 2001, das 3.315 concessões de rádio e TV distribuídas pelo governo federal, 37,5% pertenciam a políticos (deputados federais e estaduais, governadores, prefeitos e vereadores) filiados ao Partido da Frente Liberal (PFL), 17,5% pertenciam a políticos vinculados ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e 12,5% ao Partido Progressista Brasileiro (PPB).
Os políticos do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) detinham 6,3% das concessões, os do Partido Democrático Trabalhista (PDT) 3,8% e os do PT não tinham nenhuma concessão.
O então assessor do PT, Israel Bayma, havia cruzado 33 mil informações do Ministério das Comunicações, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre 1999 e 2001, para chegar aos dados que revelaram que cinco governadores de Estado e 47 dos 513 deputados federais eram proprietários de emissoras de rádio e/ou televisão.
Ainda segundo o estudo, a principal beneficiada da política de distribuição de concessões de rádio e televisão, acentuada no governo do ex-presidente José Sarney (1985-1989), foi sua própria família. Trinta e nove concessões de rádios e TVs em cinco cidades do Maranhão - número superior ao das Organizações Globo - estavam em nome de parentes do senador. O Grupo Globo, de Roberto Marinho, aparecia como titular de 27 concessões de rádio e TV em 13 cidades. Já o grupo Saad, da TV Bandeirantes, tinha 18 concessões, mesmo número de Edir Macedo, da Rede Record. O Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) aparecia com cinco concessões. Estes grupos, ainda hoje, controlam os principais meios de comunicação do país.
Núcleo de Pesquisas da Radiobras