Para o mercado, Homem-Aranha é mais popular que Pelé no Brasil, ironiza embaixador

12/08/2004 - 21h37

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O secretário geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, usou hoje a recente estréia do filme "Homem-Aranha 2" no país para mostrar o que considera como a ausência de uma "garantia de diversidade" no setor cultural brasileiro. Ele afirmou que, enquanto 600 cópias da produção norte-americana foram distribuídas no país, recentemente, o filme "Pelé Eterno", que conta a história da vida do craque brasileiro de futebol, não chegou à maioria dos cinemas do país. "Quer dizer: Pelé é muito mais impopular no Brasil que o Homem-Aranha", ironizou Guimarães.

O embaixador fez a comparação durante palestra que proferiu no 8o Fórum do Planalto, no Palácio do Planalto, para quase duzentos servidores públicos da Presidência da República, falando sobre a política externa brasileira. O embaixador enfatizou, ainda, a importância dos produtos culturais para nossa política externa, uma vez que eles são os principais instrumentos de construção da visão que as pessoas têm do mundo e que o restante dos países tem de nós. "A visão que os outros países tem de nós, ela é apresentada principalmente por meios audiovisuais".

Pinheiro defendeu a atuação do Estado para impedir que o mercado da cultura seja dominado por "monopólios ou oligopólios". Ele explicou que os produtos culturais não são bens comuns, influenciam a política do país e têm importância econômica. "Não é a produção de um bem comum, é algo diferente, que afeta todo o processo político. Não pode ser tratado como se trata outras atividades", disse.

O secretário destacou a importância da promoção da diversidade cultural. E citou como exemplo o fato de as salas de cinemas quase não exibirem filmes russos, chineses e até mesmo da Índia, um dos maiores produtores de filmes do mundo. "É importante a diversidade, para fertilizar a atividade cultural brasileira e até a atividade política", destacou. Igualmente, citou o exemplo das rádios brasileiras. "Se você ligar o rádio e estiver tocando uma música russa, vai até se assustar".

Pinheiro ressaltou, ainda, que dar visibilidade ás diversas manifestações culturais deve ser prioridade nos meios de comunicação, especialmente os que usam recursos públicos, ou que envolvem concessões públicas, como é o caso dos canais de TV abertos. "Se ele (meio de comunicação) recebe recursos públicos, o que é comum, inclusive na área da televisão, é necessário que leve em conta a necessidade de promover a diversidade cultural".