Brasília, 28/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Para o chefe adjunto do Departamento de Combate a Ilícitos Cambiais e Financeiros do Banco Central (BC), Fernando Celso Gomes de Souza, é preciso construir uma relação de confiança entre os órgãos do governo e os bancos comerciais para facilitar a troca de informações e combater a lavagem de dinheiro no Brasil. "Temos que mudar o comportamento entre os órgãos do governo e os bancos", defendeu ele.
O tema está sendo debatido neste momento pelo programa "Diálogo Brasil", gerado pela TV NBR, canal a cabo da Radiobras, para 822 pontos de transmissão no país. Dados de uma pesquisa da Unicamp demonstram que cerca de R$ 17 bilhões de reais são depositados em paraísos fiscais todos os anos e voltam como investimentos ao país.
Segundo Fernando Celso, a relação do Banco Central com os demais bancos melhorou muito nos últimos anos. Ele revela que os bancos passaram da condição de serem obrigados a passar informações e hoje já estão engajados na cooperação de informações sobre possíveis transações ilegais. "O grau de engajamento dos bancos tem melhorado significativamente", afirma ele.
De acordo o representante do BC no programa, o Banco Central faz um trabalho de controle interno implantado pelos bancos comerciais para reprimir a lavagem de dinheiro, com o objetivo de imunizar o sistema financeiro contra este crime. "A intenção é que se alguém quer fazer a lavagem, que faça fora do sistema financeiro", explica.
Para o promotor de justiça criminal Marcelo Mendroni, falta preparo da polícia e faltam informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e do Banco Central sobre pessoas suspeitas de lavagem de dinheiro. Ele ressalta que, enquanto não houver investimento pesado sobre isso, as organizações criminosas vão continuar se beneficiando da lavagem de dinheiro. "Estamos engatinhando a respeito da lavagem de dinheiro, que é o grande trunfo das organizações criminosas", destaca ele.