Lula afirma que mudar o Brasil significa ter coragem de fazer as coisas direito

20/05/2004 - 19h54

Brasília, 20/05/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que está disposto a correr o risco de ser mal compreendido pelo povo brasileiro para colocar em prática as suas principais propostas de governo. Em pronunciamento para comemorar os 500 dias à frente da Presidência da República em cadeia nacional de rádio e TV, Lula disse ter coragem para promover mudanças no país.

"Mudar o Brasil, meus amigos, significa ter a coragem de fazer as coisas direito, bem feitas e para valer, como estou procurando fazer. Mesmo sabendo que durante um certo tempo corro o risco de ser mal compreendido pelo meu povo. Mas se este for o preço, eu pago esse preço. Fui eleito para mudar o Brasil. Essa é a minha missão, e dela não abro mão".

O presidente lembrou do recente reajuste de R$ 20 no salário mínimo, e admitiu que gostaria de ter concedido um aumento maior que os R$ 260 definidos pelo governo. "Deus sabe como foi difícil não dar já agora um aumento maior para o salário mínimo. Mas eu não podia fazer isso nesse momento. O orçamento da Previdência não suportaria, e isso poderia comprometer todo o esforço já feito até agora", desabafou.

Lula voltou a fazer uma defesa do ajuste fiscal e reconheceu que o governo vem implantando medidas duras para a população. Para "colocar o Brasil nos trilhos", segundo o presidente, era necessário acertar a economia do país.

Lembrou que quando assumiu a Presidência, em 2003, herdou uma inflação de 3% ao mês, e juros de 25% ao ano. "Por isso, a nossa prioridade era reduzir a inflação para estancar a queda do salário real e garantir o ajuste das contas públicas, viabilizando a queda dos juros e a retomada do desenvolvimento", afirmou.

O presidente apresentou dados atuais da economia, e disse que hoje o país possui inflação de 0,5% ao mês, e juros anuais de 16%. "Bem menos do que era quando começamos a governar o Brasil".

As duras medidas no campo econômico, na avaliação de Lula, surtiram os efeitos desejados.

"Não foi fácil, mas nada é fácil. Afinal, se queremos mudar o Brasil de verdade, temos que traçar metas claras e regras firmes. Se queremos mudar o Brasil de verdade, temos que respeitar o orçamento da Nação, não permitindo que seja gasto mais do que o país pode. Se queremos mudar o Brasil de verdade, temos em alguns momentos que fazer até alguns sacrifícios", defendeu.

No pronunciamento, de sete minutos, foram apresentadas uma série de matérias publicadas em jornais de grande circulação do país, que apontam melhorias na economia brasileira. As notícias, segundo Lula, são sinais inequívocos da retomada da atividade industrial do país.

O presidente lembrou os vários projetos que vêm sendo implementados pelo governo, como o aumento das exportações, as reformas institucionais, o barateamento do crédito popular e a política industrial, como exemplos de medidas que vão garantir que o ano de 2004 "seja apenas o primeiro ano de um novo ciclo de crescimento sustentável da nossa economia".

Lula encerra o pronunciamento desejando que todas as medidas implantadas pelo governo resultem em mais empregos e melhores salários.

"Essa é uma luta dura, longa e difícil. Mas Deus é grande e justo. E o Brasil está saindo vencedor".

Este foi o terceiro pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV desde que o presidente assumiu o governo.