Milena Galdino
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e da Defesa, José Viegas, participaram nesta quarta-feira de audiência pública no Congresso sobre o projeto de se enviar 1,2 mil soldados brasileiros ao Haiti para a manutenção de uma força de paz. Parlamentares da oposição, contudo, reclamaram que o Congresso deveria ter aprovado o envio das tropas antes de a imprensa noticiar que um batalhão brasileiro já está se deslocando de São Leopoldo (RS) para embarcar à ilha da América Central.
A pressa dos militares se justifica porque os soldados devem iniciar oficialmente em 1º de junho o esforço de reerguer o Haiti e prepará-lo para nova eleição presidencial, depois da queda de Jean-Bertrand Aristide. "Lamento que as tropas estejam saindo de São Leopoldo, que os tanques já estejam sendo pintados sem que o Congresso tenha aprovado o envio. Parece que a decisão já foi tomada", disse o senador Pedro Simon (PMDB/RS). Os ministros garantiram que nenhum soldado deixará o País rumo ao Haiti sem a aprovação do Congresso.
Simon pediu cuidado na avaliação da chegada do Brasil após a retirada dos soldados da atual força militar. "Será que os Estados Unidos, que estão lá desde março, querem sair e deixar a responsabilidade em cima de quem chegar?", questionou o senador.
O deputado Ivan Valente (PT/SP) afirmou que chegar à ilha depois da saída das tropas dos Estados Unidos pode colocar em risco a vida dos soldados brasileiros. "O Brasil e a ONU estão chegando num segundo momento, após a intervenção americana, francesa e canadense. Há um caos político e econômico, portanto é difícil prever o que acontecerá à tropa brasileira, porque não há garantias de que ela será vista como uma tropa de paz, e não de ocupação", destacou.