Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, informou hoje que irá pedir uma suplementação orçamentária de R$ 60 milhões para o órgão. De acordo com ele, a Funai dispõe de apenas R$ 93 milhões por ano. "A maior parte da verba para a assistência aos índios vai para a Fundação Nacional de Saúde. São R$ 280 milhões de um total de R$ 700 milhões reservados no orçamento para a aplicação da política indígena", revelou.
"Hoje, não adianta os índios quererem esganar a Funai para conseguir recurso. Não temos verba", afirmou.
Em depoimento na audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, o antropólogo reafirmou a intenção da Funai e do governo em buscar uma política integradora da questão indígena. "Existem grupos estudando onde estão os recursos para as ações com os índios, divididos nos últimos governos em várias instituições. Fazer esse mapeamento não é um trabalho fácil", reconhece Gomes.
Segundo ele, na última semana, a Funai enviou ao Ministério do Planejamento um pedido de abertura de concurso com 500 vagas para o órgão, que prevê a participação de índios. Nos últimos 18 anos, o número de funcionários da Funai caiu de 5,8 mil para 2,1 mil. Na mesma época a população indígena triplicou. Hoje, são cerca de 700 mil índios no Brasil.
"Estamos dispostos a levar nossos planos de valorização dos índios adiante, sem medo de quem fala que a Funai não presta, é corrupta. Os militares já diziam isso do Serviço de Proteção ao Índio", lembra o presidente da Funai, que disse acreditar na intenção do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em homologar a terra Raposa Serra do Sol em área contínua. "Esse é um governo aberto para várias áreas e argumentos. Mas eu não tenho dúvida que será também o governo que vai consolidar a demarcação das terras reconhecidas como indígenas."