Rio, 1/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile disse hoje, ao participar de caminhada em comemoração ao Dia do Trabalho, no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio, que o conjunto de ocupações feitas durante o mês de abril teve o objetivo de alertar a sociedade sobre a situação da reforma agrária. "Quando fizemos a ação de abril, era para conscientizar os trabalhadores e denunciar à sociedade que a reforma agrária está parada e ajudar o governo a ter mais coragem para enfrentar o latifúndio. Temos dito que é impossível construir uma sociedade democrática sem eliminar o latifúndio improdutivo, que está na Constituição", afirmou.
Para Stédile, é impossível resolver o problema do desemprego no país sem fazer a reforma agrária. "Essa é a maneira mais barata e rápida de conseguir empregar o pobre. Se o governo quiser resolver o problema do povo tem que investir em agricultura e em educação popular, na construção civil e na indústria de alimentos".
O líder do MST acha que o governo está demorando a fazer a reforma agrária. "Está muito lerdo, está tartaruga". Stédile disse ainda que o dia 1º de maio é de reflexão sobre a atual política econômica do Brasil. "Esse dia nos leva a refletir sobre a necessidade de mudar a política econômica porque essa política só interessa a banqueiros, multinacionais e ao agronegócio exportador".
João pedro Stédile sugeriu ao governo que use o dinheiro do superávit primário em geração de empregos e que mude a política de crédito rural. "É preciso construir nova política de crédito rural para que realmente chegue aos agricultores. O governo está bem intencionado, mas falta a desburocratização do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste para que o dinheiro chegue ao agricultor".