Para prefeito de Porto Alegre, FSM tem de incluir participantes nas discussões

17/01/2004 - 15h08

Por Márcia Detoni*
Enviada Especial

Mumbai - O prefeito de Porto Alegre, João Verle (PT), acredita que o próximo Fórum Social Mundial (FSM) que acontece na capital gaúcha possa ultrapassar a marca dos 150 mil participantes. Para ele, o envolvimento do público nos seminários e conferências tem de ser maior para que o encontro seja mais eficaz. "Não adianta ficar somando mais e mais participantes. Mas temos de encontrar uma forma de fazer com que as discussões sejam mais efetivas. Apesar do grande número de pessoas vemos que a participação nas oficinas e seminários ainda é pequena", avalia Verle.

Verle, que participa da 4a edição do evento, na Índia, está preocupado com os rumos do FSM, que volta a Porto Alegre, em 2005. "Temos de buscar uma maneira de envolver mais as pessoas nas discussões e tentar definir alguns pontos em comum para avançar o movimento,"afirma.

De acordo com o prefeito, o FSM deu um grande passo por ter incluído nos debates grupos que sofrem diretamente com a pobreza e as políticas neoliberais e que, até agora, tinham pouca participação. A presença em massa dos dalit - os "intocáveis" excluídos do sistema de castas indianos que vivem à margem da sociedade - já é considerada uma das conquistas do evento que se iniciu ontem. "A aposta de descentralizar o fórum nesse sentido foi exitosa. O público lá em Porto Alegre era formado mais por jovens de classe média. Aqui se vê muita gente de origem mais pobre e também de mais idade", disse.

O prefeito também destacou a finalidade do FSM, que "não se propõe a agir", mas sim, "a pensar e a propor alternativas para os movimentos". Segundo ele, esse trabalho está sendo realizado e ainda poderá render frutos mais concretos com o acúmulo de conhecimento e estabelecimento de pautas temáticas para uma discussão mundial. "Percebemos que um novo mundo é possível. Estão aflorando movimentos de luta por direitos que nem suspeitávamos, e isso é maravilhoso", afirmou.

*Colaborou Marina Domingos, de Brasília.