Peshawar (Paquistão) – Dois aviões que carregavam parlamentares paquistaneses foram desviados de Islamabad hoje, impedindo os políticos de assistirem a um discurso do Presidente do Paquistão, Pervez Musharraf. Tehmina Daulatana, membro da Assembléia Nacional pela Liga Muçulmana Paquistanesa, partido da oposição, que estava dentro da aeronave, afirmou que o avião foi "seqüestrado" pelo governo de Musharraf. O governo afirma que o desvio aconteceu após o aeroporto ter recebido uma ameaça de bomba.

O presidente se dirigiu a uma sessão parlamentar mista pela primeira vez desde que assumiu o poder há mais de quatro anos. Ele enfrentou gritos de alguns legisladores pedindo seu afastamento, enquanto outros o apoiavam com aplausou.

Vôos desviados

O primeiro avião desviado partiu de Karachi rumo a Islamabad às 5h30 (horário local), mas foi obrigado a mudar de rota em pleno vôo, segundo oficiais da Companhia Aérea Internacional Paquistanês (PIA). Pelo menos um parlamentar da oposição estava a bordo, segundo o líder da frente oposicionista.

O segundo avião saiu de Lahore às 7h30 (horário local) e pousou 30 minutos depois em Islamabad, onde ficou na pista durante cerca de uma hora antes de partir para Peshawar.

Não se permitiu a ninguém descer do avião, que foi cercado por forças especiais no aeroporto de Peshawar. Militares também subiram no avião, mantendo todo o mundo afastado da cabina do piloto. O avião voltou para Islamabad às 14:30 (horário local), aproximadamente.

Daulatana, falando de dentro do avião enquanto aguardava na pista em Peshawar, colocou a culpa completamente no governo, alegando que este não queria que ela assistisse à sessão parlamentar mista e manifestasse sua oposição a Musharraf.

Agências de notícias citaram a afirmação do porta-voz do governo, Imran Gardezi, de que os dois vôos foram desviados depois do aeroporto de Islamabad receber uma ameaça de bomba, que acabou sendo um trote.

Um esquema rigoroso de segurança vem cercando o Presidente paquistanês desde que ele sobreviveu duas tentativas de assassinato no mês passado. Altas autoridades governamentais disseram que ignoravam o que estava acontecendo, mas vários deles acusaram o governo de tentar impedir líderes da oposição de assistir à sessão parlamentar.

Discurso tumultuado

No seu discurso na sessão parlamentar mista, Musharraf citou a necessidade de esmagar o terrorismo, manter a segurança das armas nucleares paquistaneses e resolver o conflito duradouro com a Índia envolvendo o território da Kashimira. O esquema de segurança em torno do Parlamento foi intenso.

Parlamentares da oposição gritaram "Fora Musharraf, fora Musharraf" e "Os amigos dos ditadores são traidores," logo que Musharraf subiu ao para discursar. Eles sustentaram a gritaria durante todo o discurso, que durou 40 minutos. O barulho se intensificou quando os aliados do Musharraf responderam, batendo nas mesas para demonstrar seu apoio.

Sob crescentes protestos, Musharraf entoou: "Posso assegurar-lhes que não existe nada no mundo maior que sua própria consciência, e quando vocês estiverem diante de Deus, podem dizer que cumpriram seu dever com o sentimento máximo de honra, integridade e fidelidade." Em 2002, Musharraf venceu um referendo presidencial polemico, denunciado como fraudulento por seus adversários.

As informações são da CNN