Mendonça de Barros diz que venda da Eletropaulo foi vantajosa para BNDES e rebate críticas de Lessa

02/09/2003 - 21h25

Brasília, 2/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no governo Fernando Henrique, Luiz Carlos Mendonça de Barros, decidiu rebater as críticas que vêm sendo feitas ao processo de privatização do setor elétrico no período de sua gestão (1995-1998), durante debate na Câmara dos Deputados. O principal alvo foi o atual presidente da instituição financeira, Carlos Lessa.

No dia 13 de agosto, Lessa participou de uma audiência na Casa em que classificou o processo de privatização do setor elétrico uma "indecência" e uma "temeridade". Mendonça mostrou-se disposto a participar de um debate sobre a questão com o atual presidente, mas destacou que a discussão deve ser baseada em dados e números. O ex-presidente entregou um documento aos deputados em que ele e outros membros da diretoria do banco na época respondem questões levantadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), sobre a operação de concessão de financiamento a empresa norte-americana AES para a compra da Eletropaulo, maior distribuidora de energia da América Latina. Mendonça, no entanto, preferiu não comentar as declarações que, segundo ele, são genéricas e vazias de Lessa. "Ele não é problema meu, mas do presidente Lula", justificou.

Durante todo o debate, Mendonça ressaltou que a venda da Eletropaulo foi um negócio vantajoso e rentável para o governo. De acordo com ele, a operação foi totalmente correta tanto no setor jurídico quanto no financeiro. O ex-presidente destacou que a falta de pagamentos da AES não é culpa do banco. "Não apontem irregularidades. Não acusem o BNDES da inadimplência da AES", disse Mendonça.

O deputado Mauro Passos (PT-SC) propôs a criação de uma CPI para investigar o processo de privatização do setor elétrico no país pois acredita que é necessário maiores esclarecimentos.

Eletropaulo

A Eletropaulo suspendeu até o dia 1º de outubro reunião com seus credores. A justificativa foi a falta de representantes suficientes para a tomada de decisões. A empresa disse que poderá retomar a assembléia geral de acionistas antes da data estipulada, desde que todos os portadores de títulos da empresa estejam presentes.

O objetivo dessa reunião, que foi cancelada, seria adiar o pagamento das dívidas da empresa com os credores. Parte delas vence no próximo dia 15. Desde segunda-feira, a empresa está sob novo comando, do brasileiro Eduardo José Bernini. Ele foi presidente da portuguesa EDP no Brasil.