Brasília, 1/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Câmara Legislativa do Distrito Federal outorgou post mortem na noite dessa sexta-feira o título de Cidadão Honorário de Brasília ao maestro e compositor Cláudio Santoro. A premiação faz parte do 13º Seminário Internacional de Dança, organizado pela viúva do músico, a bailarina e professora Giséle Santoro.
Segundo Gisele Santoro, é emocionante receber essa homenagem na cidade que o marido adotou como sua em um teatro que leva o seu nome. Embora fosse amazonense de nascimento e tivesse vivido em diversos países, o maestro se considerava brasiliense por opção, pois chegou à cidade no início da década de 60 para fundar a Universidade de Brasília (UnB).
Esse vínculo com a capital federal foi reforçado quando, após anos de exílio durante o governo militar, o maestro decidiu retornar ao país e escolheu Brasília para viver. Giséle Santoro diz que este é o motivo de todo o acervo do marido estar na cidade. "É muito importante que, por meio deste prêmio, seja reconhecida a ligação que ele tinha com essa cidade", afirma a esposa do falecido compositor.
O pianista Ney Salgado contou que sempre sente uma grande emoção quando toca obras de Santoro, pois desde quando era estudante de composição em São Paulo já ouvia muitos elogios de seu professor às composições do maestro, que também havia sido seu aluno.
O autor dos elogios era o maestro alemão Joachim Koellreuter, que introduziu a música dodecafônica no Brasil e influenciou muitos músicos eruditos desde que chegou ao país na década de 50. "Não há nada maior que a obra de Santoro, em todas as Américas", define Salgado.
Após a outorga do título, o pianista Ney Salgado fez um recital interpretando obras de Cláudio Santoro. Em seguida foram encenados três balés: Canções de Amor, Church of Nations e Concerto para a Juventude. Essas três apresentações fazem parte do 13º Seminário Internacional de Dança, que será encerrado neste domingo.
Todo o seminário está sendo filmado pelo cineasta norte-americano Theodore Collato, que pretende realizar um documentário utilizando a trajetória de cinco bailarinos que participaram do evento. Segundo Gisele Santoro, é provável que vejamos este filme nos grandes festivais.
(Rafael Gasparotto)
