Brasília, 1/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Em meio ao afastamento de funcionários e propostas de demissões, o Fórum de Competitividade do Setor Automotivo, instalado hoje pelo Ministério do Desenvolvimento, não trouxe medidas que agradassem nem a indústria nem os sindicatos. Representantes dessas instituições saíram da reunião reclamando. Para eles, até agora, não há nenhuma solução para contornar a retração das vendas de veículos.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse que a proposta do Fórum é discutir problemas estruturais e que os problemas do setor automobilístico serão levadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Adiantou, no entanto, que não haverá redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a fim de estimular as vendas. "Se o governo abrir mão do IPI vai resolver o problema? Provavelmente não.". Para ele, deve ser feita uma reunião de diversos representantes do governo para encontrar uma solução mais consistente.
O grande problema do setor hoje, apontado por Furlan, é a estagnação do setor. Ele informou que há três anos que o setor trabalha com uma produção média de 1,3 mil veículos."É como se você tivesse um equipamento para andar a 100 por hora, porém você só andasse a sessenta", exemplificou.
Para solucionar o problema, o ministro disse que precisam ser encontradas duas soluções: o alargamento do mercado interno e a ampliação das exportações. O ministro lembrou que os principais produtos que serão negociados na missão comercial que segue para a África do Sul são: automóveis e peças.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira, afirmou que se não forem tomadas medidas conjunturais, haverá no mês de agosto demissões em massa. "O governo lamentavelmente montou um fórum para discutir o futuro, nós estamos com problemas no presente", criticou.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Ricardo Carvalho, ressaltou que aumentar as exportações é muito importante, mas que não resolve o problema. " A exportação ajuda mas precisa ter lastro no mercado interno. Se pensar que a previsão para este ano era de 1,5 milhão e hoje não passa de 1,3 milhão é um problema muito sério", disse.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, apresentou duas sugestões para amenizar o quadro. A primeira que fosse criada uma linha de crédito ao trabalhador que usasse o dinheiro do INSS. Ele explicou que o Instituto paga 19 milhões de benefícios por mês. Na sua proposta, o beneficiário poderia sacar de dois a três benefícios e pagá-los a longo prazo. "Isso colocaria alguns milhões na economia", disse. A outra sugestão era usar parte do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para financiar a compra de carros.