Pesquisador previu ''apagão'' da maior estrela do universo

08/07/2003 - 12h37

Brasília, 8/7/2003 (Agência Brasil – Abr) - O "apagão" da Eta Carinae, maior estrela conhecida do Universo, previsto pelo professor Augusto Daminelli, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) aconteceu rigorosamente dentro do prazo previsto. "Tudo aconteceu com a precisão de um relógio", comemora o cientista, que estuda o astro desde 1989 e garantiu que ele sofreria um "apagão" entre junho e julho deste ano.

Segundo Damineli, o "dia D" do fenômeno aconteceu no dia 25 de junho e se prolongará ao longo de um mês. Durante o "apagão", a Eta Carinae perde luz equivalente a 20 vezes a que é emitida pelo Sol devido à interrupção rítmica de alguns canais de emissão de energia luminosa. "Após o fenômeno, todos os canais da estrela estarão ativos novamente", explica o professor.

Há mais de seis anos que o cientista defende a teoria de que o astro seria composto por um sistema duplo, com duas estrelas interagindo e formando um sistema ligado pela força da gravidade. Uma outra corrente de pesquisadores imaginava que a Eta Cariane era uma estrela isolada.

Damineli também havia previsto o intervalo de tempo entre os "apagões" de aproximadamente 2.020 dias. Seu cálculo estava correto: O último fenômeno aconteceu em dezembro de 1997.

A Eta Cariane fica à direita do Cruzeiro do Sul, e só pode ser vista com binóculos ou telescópios. De acordo com o pesquisador, os próximos "apagões" acontecerão em 2009 e 2014, mas não terão as mesmas características. "Não podíamos perder essa oportunidade, já que o período foi ideal para as observações. Em 2009, o fenômeno deverá ocorrer em dezembro, época que não favorecerá o acompanhamento das interrupções rítmicas", explicou.

No Brasil, a estrela vem sendo permanentemente monitorada pelo Observatório do Pico dos Dias, do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Brazópolis, Minas Gerais. Telescópios espaciais como o Hubble, Chandra e XMM também participam das observações. Do espaço, o satélite XTE mede diariamente o fluxo de raios X da Eta Cariane. (com informações da Agência USP de Notícias)