Greve atinge órgãos públicos, mas Lula acha que não prejudica reformas

08/07/2003 - 19h33

Brasília, 8/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O primeiro dia de greve dos servidores públicos federias contra a reforma da Previdência parou total ou parcialmente vários órgãos do governo em diversos estados do Brasil. Em Brasília, cerca 700 manifestantes foram para as ruas, segundo avaliação da Polícia Militar, sendo 300 na Esplanada e 400 no Banco Central e Polícia Federal. Amanhã, às 10h, haverá outra manifestação na Esplanada e nove órgãos federais sediados na cidade farão assembléias para decidir se aderem ou não ao movimento.

Apesar das paralisações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não acredita que a votação da reforma previdenciária será prejudicada. "A greve é um direito universal do trabalhador, mas a reforma já está no Congresso e os deputados não estão de greve", afirmou o presidente, que participava de uma feira de calçados em São Paulo. O chefe da Casa Civil da Previdência, José Dirceu, disse que os servidores terão que assumir a responsabilidade pela greve. "Os servidores não querem negociar. Querem que o governo retire a proposta e isso o Governo não fará", afirmou.

O líder do PT na Câmara, deputado Nelson Pellegrino (BA), reforçou essa posição mas afirmou que o governo não irá reprimir a greve. Entre os órgãos já paralisados estariam o Banco Central, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Fundação Biblioteca Nacional (BN). O Ministério da Defesa estaria com boa parte dos seus funcionários parados. Segundo os grevistas, cerca de 90% dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estariam parados em todo o país. O Instituto contesta este número e diz que menos de 50% dos servidores aderiram ao movimento, com um pico 60% no Rio de Janeiro.

O Rio foi um dos Estados que mais aderiu à greve. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Sintrasef), 55% dos 122 mil servidores do Estado já estariam em greve.
Outro estado com alto índice de paralisação é Santa Catarina. Nesta unidade da federação, os servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), Justiça Federal e ministérios da Agricultura e do Trabalho já estariam parados. A Universidade Federal de Santa Catarina também está parada. Segundo os grevistas, 60% das universidades federais teriam fechado as portas.

Em Brasília, o secretário de imprensa do Sindicato de Servidores Públicos Federais do DF (Sindsep), Luis Bicalho, afirmou que a PEC 40 (da reforma da Previdência) é um desrespeito aos trabalhadores. "Nós já perdemos cerca de 56 direitos, como a contagem dobrada de licenças e férias não tiradas. Agora querem acabar com o resto", disse ele. Entre os pontos que os servidores consideram mais graves estão o fim da paridade com os funcionários da ativa e da aposentadoria integral. Bicalho afirmou que nenhuma das modificações propostas pelos servidores entrou no projeto enviado ao Congresso.

O ministério do Planejamento já tem um levantamento parcial da greve. Segundo esses dados, 40% dos servidores da Receita, Previdência e Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) estão parados. No Distrito Federal 10% dos servidores cruzaram os braços. Também aderiram ao movimento 50% dos professores de universidades federais.