Felipão: é mais fácil comandar seleção que não tem tantos craques como o Brasil

08/07/2003 - 10h19

Lisboa (Portugal), 8/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O técnico que levou o Brasil ao pentacampeonato mundial de futebol, Luiz Felipe Scolari, o Felipão, vive hoje tranquilo em Cascais, a 25 quilômetros de Lisboa. O motivo da calmaria, ele atribui à facilidade de comandar a seleção de um país que não tem grande número de craques como o Brasil. E mais: os portugueses não cobram e respeitam o trabalho do técnico. O apartamento, de três quartos, onde Felipão vive com a mulher e dois filhos, fica à beira-mar, em uma região que lembra a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

"Aqui, eu tenho dois jogadores para uma posição, enquanto, no Brasil, a disputa chega a ser entre sete, aí a escolha fica difícil", afirma. Luis Felipe Scolari, responsável, hoje, por tudo que se passa nas principais categorias do futebol português, sofre apenas com uma contusão na panturrilha, que trouxe do Brasil e que o impede de jogar suas peladas. Ele teve, por isso, de trocar o futebol pelo tênis em terras portuguesas.

Fanático por churrasco, Felipão diz que, até hoje, não assou nenhuma carne em Lisboa.Tem "se virado" nas churrascarias portuguesas, chegando a dar nota 9 ao atendimento e à qualidade da carne que come em alguns locais de Lisboa. Scolari afirma que sente saudade de muitas coisas do Brasil e que uma delas é voltar a treinar um time brasileiro. Desde que seja como o projeto que comandou no Palmeiras com a Parmalat, ele assegura que volta. "O São Paulo seria um clube dentro destas características. Eu quero um contrato, no mínimo, de três anos, para montar tudo aquilo que fiz no Palmeiras".

Ao perceber que, na entrevista, fala-se muito do Brasil, Felipão, rodeado de quadros da seleção portuguesa e de uma pequena flâmula azul da Confederação Brasileira de Futebol, muda de assunto e diz que tem mais três anos para ficar pela Europa. "Tenho resistido a propostas quase que mensalmente, por isso acredito que não volto tão cedo", acrescenta.

O trânsito agitado de Lisboa e a quantidade de pessoas fumando em todos os lugares da cidade é o que mais tem impressionado Felipão, desde que chegou a Portugal. O que mais o preocupa, entretanto, é a falta de velocidade da seleção portuguesa que, segundo ele, tem apenas dois jogadores com a qualidade de velocistas. O resto prima pela técnica, que resulta num bom conjunto da equipe em campo, observa.

Felipão se diz surpreso com a notícia de que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, pretende se tornar presidente da Fifa: "Eu nunca ouvi dele nada sobre isso. Mas acho que ele tem capacidade ", afirma.

Quando o assunto volta a ser lazer, Felipão lembra que já visitou muitos lugares históricos, que lembram o Brasil colonizado por Portugal, mas reclama da água do mar que é muito fria.

Em relação à visita de Lula a Lisboa, quinta (10) e sexta-feira (11) desta semana, Scolari diz que fica feliz e que já recebeu até convite para participar de um jantar em homenagem ao presidente na casa do embaixador José Gregori. Lembra que sua presença, no entanto, vai depender de um compromisso agendado no Brasil. Na sua opinião, o presidente deve estar sofrendo com o Corinthians, pois o timão não está ganhando mais. Caso se encontre com Lula, Felipão promete entregar uma camisa da seleção portuguesa. "O presidente Lula é acostumado a quebrar protocolos, desta vez eu é que vou quebrar", conclui.