Depoimento de Marina Silva emociona alunos de curso de alfabetização

08/07/2003 - 12h29

Brasília, 8/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O depoimento da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e seu conselho para que "jamais parem de somar letrinhas", foi o momento de maior emoção entre os adultos alfabetizados das cidades de Guaribas e Acauã, no Piauí, e dos trabalhadores terceirizados dos Ministérios, da Câmara e do Sendo, na aula inaugural do programa "Todos lendo na Esplanada", patrocinado pelo Ministério da Educação. Hoje, na aula inaugural, o ministro da Educação, Cristovam Buarque, disse que estava lançando a "campanha das letras", e conclamou a todos, a exemplo da "campanha das gotinhas", que erradicou a paralisia infantil no país, a acabar com o analfabetismo no Brasil.

Os 250 alunos e os 15 professores do curso de Acauã e Guaribas viajaram mais de 30 horas para chegar a Brasília. E, conforme relatou a secretária de Educação de Acauã, Luzinete dos Anjos Gomes, se recusavam a ir embora sem ver o presidente Lula. O encontro foi ontem à noite na Base Aérea de Brasília, antes de o presidente viajar para São Paulo. "Cada um dos alfabetizados que não veio escreveu uma carta para o presidente. Eu trouxe um pacote enorme", disse a secretária.

A ministra Marina Silva lembrou que foi alfabetizada aos 17 anos e sentiu a mesma emoção "de muitos de vocês, quando consegui, usando a matemática, somar as letrinhas e formar meu nome. Não desistam, continuem a estudar", incentivou. A ministra relatou aos alunos do curso de alfabetização, que começou a estudar só aos 17 anos; aprendeu a ler no Mobral; fez supletivo de 1º e 2º graus; estudou história na Universidade Federal do Acre; e, no próximo dia primeiro, vai se formar em psicanalise.

Marina afirmou que "todos temos a mesma capacidade de aprender. Nós não temos são as mesmas oportunidades". E foi essa oportunidade que Maria Correia da Silva, de 63 anos, não deixou passar em Acauã. Mãe de nove filhos, apenas a caçula, de 20 anos, sabe ler e escrever e vai formar-se em atendente de enfermagem. Os outros filhos, disse, querem agora seguir seu exemplo e vão inscrever-se no próximo curso de alfabetização de jovens e adultos.

Rosemira Matias da Silva, também de 63 anos, decidiu ver a "vida melhor" e aprendeu a ler. Mãe de quatro filhos, sendo que dois não sabem ler ela garantiu que vai levar para o Programa de Educação de Jovens e Adultos.

Luis Macedo, aos 61 anos, largou a enxada e pegou o lápis. Ele foi alfabetizado pela filha, Maria do Zulino Macedo. "Na minha turma era um entusiasmo só, de alunos a professores. E na formatura, um choro só de tanta felicidade", relembrou.

Rita Francisca da Silva, 40 anos, auxiliar de limpeza de uma firma que presta serviços no Congresso, disse estar um pouco envergonhada por aprender a ler depois de adulta. No entanto, depois do relato dos adultos do Piauí e do incentivo da ministra Marina Silva, reagiu e afirmou estar mais "animada", especialmente para poder acompanhar os estudos dos dois filhos, "alfabetizados, e que Graças a Deus nunca abandonarão a escola".

Os programas "Educação de Jovens e Adultos" e "Todos lendo na Esplanada" têm a duração de três meses, cada.

Célia Scherdien