Dados da Confederação Nacional da Indústria indicam desaceleração

08/07/2003 - 19h39

Brasília, 08/07/2003 (Agência Brasil - ABr) - Os indicadores de maio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) reforçam a tese de boa parte dos especialistas de que a economia do país está estagnada e deve apresentar crescimento lento nos próximos meses. Segundo avaliação dos técnicos da CNI, todos os indicativos - vendas reais, número de empregados, salários, horas trabalhadas e utilização da capacidade instalada do setor - apresentaram baixo incremento ou queda em relação ao ano passado.

Dos indicativos analisados pela CNI, a folha salarial dos trabalhadores que atuam na indústria foi a que apresentou o pior desempenho. Em relação aos cinco primeiros meses do ano passado, a queda no poder de compra do trabalhador chegou a 7,04%. No mesmo período de 2002, a queda era de apenas 0,8%. Para o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, o desempenho é um sinal de alerta. "Os indicadores industriais de maio ascenderam uma pequena luz amarela no mercado de trabalho. Precisamos observar para ver se esta tendência vai continuar ou não", disse.

Mas não é apenas a queda brusca dos salários que preocupa o setor industrial. A redução do uso das estruturas das indústrias também está entre as preocupações da CNI. Segundo dados do setor privado, o uso da capacidade instalada do setor produtivo apresentou uma pequena variação, mas continua em queda. Nos cinco primeiros meses deste ano diminuiu 0,53%. No ano passado, a queda estava em 0,85%, no mesmo período. "Não fosse as exportações, principalmente do agronegócio, os números seriam ainda mais negativos", enfatizou Castelo Branco. Para ele, a economia só não está pior por causa da conquista de novos mercados compradores, especialmente na Ásia, e do aumento dos embarques de produtos agrícolas para o mercado externo.

Apesar das apostas do setor de que o governo irá conseguir avançar com as reformas prioritárias - previdenciária e tributária - a CNI já está considerando 2003 como um ano de inexpressivo crescimento econômico. Para Castelo Branco, o pessimismo em relação aos rumos da economia nos próximos trimestres somente será revertido com ações que garantam o aumento dos investimentos em infra-estrutura, redução dos juros e crescimento do poder de compra dentro do país. "Nós precisamos ser é otimistas é quanto as condições necessárias para a recuperação da economia a partir de 2004. Há condições para que isto seja feito no segundo semestre, mas ainda precisamos trabalhar muito nas questões das reformas, solidificação do ambiente de confiança e na própria redução do ritmo da inflação", afirmou.

Para a CNI, os esforços do governo e do setor privado em garantir crescimento econômico a partir das exportações somente trará aceleração real se o país investir também em infra-estrutura e no desenvolvimento de setores estratégicos. "As exportações devem continuar a alavancar a economia neste ano, mas para crescer mais, é necessário estimular a componente interna".