PT afasta Heloisa Helena das atividades do partido no Senado

01/07/2003 - 20h48

Brasília, 1/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Por oito votos a quatro, os senadores petistas decidiram hoje afastar, temporariamente, a senadora Heloísa Helena (AL) da bancada. A decisão esgarçou ainda mais as relações internas no partido. A senadora concedeu uma entrevista coletiva em seu gabinete, chorando. Ela qualificou a decisão dos seus colegas como "sorrateira" e cobrou um debate ideológico na Comissão de Ética do Diretório Nacional.

Após a reunião, o senador Eduardo Suplicy afirmou que enquanto o Diretório não definir o destino político da senadora, não se sentirá a vontade para permanecer na bancada petista.

O líder do Governo no Senado, Aloízio Mercadante (PT/SP), procurou justificar a decisão da bancada. Segundo ele, Heloísa Helena só fez uma defesa do governo nos últimos seis meses, aliou-se ao PFL em algumas votações, agravando suas posições contrárias ao Executivo. No entender de Mercadante, as atitudes da senadora Heloísa Helena são incompatíveis com a postura a ser adotada por uma bancada de governo. Lembrou ainda que decisão semelhante foi tomada com relação ao ex-deputado Eduardo Jorge (PT/SP) que, invariavelmente, votava contra as deliberações partidárias.

O líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), disse que a bancada passava "por um processo de desgaste real" devido ao comportamento político da senadora Heloísa Helena. "Achamos que chegou o momento de decidir a posição dela na bancada". O líder petista informou que a situação da senadora (afastamento) permanecerá até que o Conselho de Ética do partido tome uma decisão sobre o caso.

Heloísa Helena rebateu os argumentos de que a sua postura política com relação à reforma da Previdência tenha criado constrangimentos a parlamentares petistas. "Se alguém está com vergonha do que está defendendo nos seus estados e se sente, de alguma forma, constrangido com o que estou a defender, eles que se expliquem nas suas bases", afirmou. Ela qualificou as justificativas da bancada como "vigarice política" e pediu aos colegas senadores que defendam sua expulsão na instância adequada. No caso, o Conselho de Ética do Diretório Nacional.

Assim que tomou conhecimento da decisão da bancada de senadores, o deputado João Alfredo (PT/CE) foi ao gabinete de Heloísa Helena hipotecar solidariedade. Ele considerou a postura da bancada "absolutamente estarrecedora". Para João Alfredo, os militantes do PT, parlamentares ou não, devem exigir que os senadores revejam a posição adotada. "Não nos interessa o esgarçamento das relações internas do partido", disse o deputado.

Marcos Chagas