Brasília, 1/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O aumento de invasões de terras e saques promovidos pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) em todo o país, não são os motivos do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com lideranças do movimento, amanhã às 10h30, no Palácio do Planalto. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que a antecipação do encontro, marcado anteriormente para o dia 7, ocorreu devido a questões de agenda do presidente.
O encontro vai começar com uma exposição do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto. Ele vai apresentar às lideranças do movimento um diagnóstico da situação do país no campo.
Segundo o ministro José Dirceu, chegou o momento de o governo sentar e conversar com os movimentos de trabalhadores rurais, porque no primeiro semestre de 2003 a sua (do governo) prioridade foi a agricultura familiar. "O governo vai amanhã receber os sem-terra e discutir o futuro, olhar pra frente, procurar resolver os problemas e enfrentar os problemas como fizemos no primeiro semestre com a agricultura familiar", afirmou Dirceu.
A intenção do governo, segundo informou o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulce, não é pedir uma trégua às invasões e ações do MST, mas avançar na questão da reforma agrária que, na sua avaliação, deve ser pacífica.
O ministro José Dirceu vem negociando há alguns meses, ao lado do ministro Luiz Dulce, reivindicações específicas das lideranças do MST. A principal polêmica ainda é a questão das invasões de terras. O governo quer evitar novas invasões, especialmente depois que em um único final de semana de junho, 18 fazendas no estado de Pernambuco foram invadidas por trabalhadores rurais sem-terra.
O ministro Dirceu, porém, não quis adiantar que ponderações serão apresentadas pelo presidente Lula no encontro. "O governo vai fazer uma reunião com o MST, como fez com a Contag, com várias entidades, para discutir as questões que dizem respeito tanto à agricultura familiar quanto à reforma agrária. Não vamos discutir a reunião antes da reunião", disse Dirceu.
O ministro Luiz Dulce adiantou no entanto que o governo vai apresentar aos líderes do MST uma proposta de assistência técnica aos trabalhadores rurais, a reestruturação do Incra e a melhoria dos assentamentos. Além disso, Dulce garantiu que os assentamentos mais antigos serão prioridade do governo na reforma agrária. "O governo já avançou na agricultura familiar, agora vamos cuidar dos que estão em acampamentos". Ele lembrou que o principal compromisso do presidente Lula na campanha eleitoral foi promover uma reforma agrária pacífica, e agora quer colocar isso em prática. "O governo quer avançar na reforma agrária, não quer fazer disputa de números", resumiu.
Em maio deste ano, durante o lançamento do Grito da Terra, o presidente Lula prometeu a representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) liberar R$ 5,4 bilhões do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) para a agricultura familiar - recursos que também incluem os trabalhadores rurais assentados. Lula vai aproveitar o encontro para anunciar formalmente às lideranças do MST a liberação dos recursos que, segundo cálculos do governo, vão aumentar em 40% o número de trabalhadores rurais beneficiados pelo Pronaf e permitir o custeio de 1,4 milhão de famílias no campo.