Brasília, 11/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - A responsabilidade do Brasil e da Argentina na viabilização do Mercosul é muito grande, afirmou hoje o presidente argentino, Néstor Kirchner, durante solenidade no Palácio da Alvorada, na qual foi divulgado um comunicado conjunto dos dois países. Kirchner disse que se os governos brasileiro e argentino avançarem no intuito de fortalecer os processos necessários à sua implantação, "o Mercosul se converterá rapidamente em realidade". As declarações do presidente argentino foram feitas ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após a reunião de trabalho mantida na manhã de hoje na residência oficial da Presidência.
O presidente da Argentina defendeu também a integração do Mercosul com outros mercados. "Temos que ter convivência plena com os países da Comunidade Européia, com os Estados Unidos e com o resto das nações do mundo", ressaltou. Para ele, o Mercosul deve também ter "a grandeza de generosidade de abrir as portas" para se integrar rapidamente aos paises do Pacto Andino - Peru, Venezuela, Bolívia e Colômbia.
No documento divulgado à imprensa, resultado dos entendimentos de Lula e Kirchner, o Mercosul foi o principal ponto realçado. Os dois presidentes afirmaram a disposição de ambos "de aperfeiçoar a união aduaneira, sobretudo por meio da eliminação – levando-se em conta critérios de flexibilidade – das exceções à Tarifa Externa Comum (TEC)". Ficou acertado que tanto o Brasil quanto a Argentina irão apresentar propostas com esse objetivo, após consultas a serem feitas aos demais países participantes, Paraguai e Uruguai, até o final de outubro próximo.
Kirchner e Lula comprometeram-se, de acordo com o comunicado, a se empenharem para obtenção de pronta ratificação dos acordos já negociados em diferentes setores do comércio de bens, com vistas às metas do Tratado de Assunção. Dessa forma, instruíram as autoridades de seus países para finalizarem rapidamente a negociação de Compras Governamentais e vão trabalhar por sua posterior ratificação.
A importância da utilização do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (Aladi) como mecanismo prioritário e dinamizador das operações comerciais entre o Brasil e Argentina também foi acentuada pelos presidentes. Eles ratificaram ainda o compromisso de estabelecer o Instituto Monetário com o objetivo de intensificar os trabalhos macroeconômicos no Mercosul, com vistas a possível criação de uma moeda comum. O presidente argentino ressaltou, no entanto, que os compromissos que unem o seu governo e o do presidente Lula não se limitam ao Mercosul.
"De um lado, temos o processo de integração econômica e, de outro, tão importante quanto esse, o processo de integração política, o processo de comunicação de idéias, que poderá permitir a realização de nossos povos por meio da integração física, histórica e cultural", salientou Kirchner. Sobre esses aspectos, o documento divulgado ressaltou a importância da integração para os residentes nas áreas de fronteira e assim, os dois presidentes, instruíram os seus governos a adotar medidas concretas em benefício desses cidadãos em matéria de residência, educação, trabalho e saúde.
Ainda durante a solenidade, Kirchner manifestou a confiança de que tanto o seu governo quanto o de Lula serão de muito trabalho e voltados para a superação da "falta de credibilidade’, que por muitas décadas marcou a gestão "dos que buscavam ser líderes e falavam de integração como mera retórica". Ele disse também que, junto com Lula, vai trabalhar muito para desfazer a idéia de que falam muito e fazem pouco. "Agora, vamos realizar muito e vamos falar também muito do que fazemos, porque necessitamos de nossas conversas para as nossas realizações", concluiu.
Depois dessas declarações, feitas no Palácio da Alvorada, o presidente argentino agradeceu ao presidente Lula pelo dia de trabalho que tiveram e ainda pela esperança de realizarem um bom governo para os povos da Argentina e do Brasil, respectivamente.