Brasília, 12/5/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Educação, Cristovam Buarque, promoveu, hoje, no auditório do Ministério, o MEC Debate, com o tema "O que devemos fazer pelos jovens". Este foi o primeiro de um ciclo de discussões que Cristovam pretende realizar para dar espaço à pluralidade de olhares sobre a educação e a realidade brasileiras. Os debatedores foram convidados a apresentar sugestões e propostas educacionais.
Uma das idéias, apresentada pelo jornalista Gilberto Dimenstein, é a de incentivar a liderança juvenil, unindo o saber adolescente com a ação social. Dimenstein defendeu o pagamento de uma bolsa aos adolescentes, em troca da prestação de serviço comunitário. Segundo ele, a iniciativa poderia ser uma alternativa mais barata para o combate à violência e para a falta de perspectivas dos jovens. Hoje, o estado de São Paulo, por exemplo, gasta em média R$ 4 mil para manter um jovem infrator na Febem, disse Dimenstein.
Outro convidado, o professor João Batista Mares Guia, propôs a realização de um programa de monitoria em que os alunos com melhores desempenhos ajudariam seus colegas. Para isso, eles receberiam R$ 150, o que representaria um gasto anual de R$ 180 milhões. A iniciativa também seria uma economia para o governo. Segundo Mares Guia, R$ 1 bilhão é gasto no ensino noturno para manter mil alunos que serão reprovados no final do ano. Esse tipo de ensino tem cerca de 3,5 milhões de alunos em todo o país e reprova 31% deles todos os anos.
Para o ministro da Educação, uma política pública para os jovens deve começar pela invenção de uma mística ou bandeira capaz de mobilizá-los. "Pode ser a alfabetização de jovens e adultos, a religião ou até mesmo o grafite", observou Cristovam. Garantir uma remuneração, uma formação profissional, o lazer e atividades artísticas e culturais também devem fazer parte dessa política, acrescentou o ministro.
Segundo Cristovam, todos esses fatores devem estar presentes na escola, que precisa passar a ser vista, sem separação, entre a instituição de ensino e as atividades realizadas na "rua", sejam as atividades esportivas e culturais ou o trabalho. O ministro defendeu ainda que essas atividades deveriam ser incluídas na avaliação escolar do aluno.
O evento também teve a participação da socióloga Helena Abramo e do presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Felipe Maia. O MEC Debate será realizado, todo mês, com um tema diferente a cada edição. O evento será exibido pelo NBR (canal a cabo da Radiobrás). O ministério também está negociando, com uma editora, a publicação da série de debates.