Brasília, 1º/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - Professores, operários, artistas, intelectuais e até catadores de lata. Nesta quarta-feira, todos foram, por algumas horas, um só. Ou melhor, "companheiros", como diz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante a festa oferecida na Esplanada dos Ministérios, o brilho no olhar era igual em todos os rostos.
José Bento Tavares Neto, o Zé Capeta, tocador de berrante, 60 anos, enfrentou 12 horas de viagem de ônibus para assistir a posse do presidente Lula em Brasília. Ele saiu de Barretos, em São Paulo, no início desta semana, deixando os filhos, os netos e a esposa. Tocando insistentemente o hino nacional no berrante, Zé Capeta ainda comemorava a vitória de Lula. Disse que nunca houve na história do país um presidente que chamasse tanto a atenção do mundo.
O professor de Língua Portuguesa, José Batista da Rosa, leciona numa escola municipal em Santa Catarina e saíu de Palhoça, distante 20 km de Florianópolis, munido de bandeira, chapéu e camiseta vermelha, na terça-feira. Ele acredita que Lula vai aplicar as medidas mais profundas possíveis para melhorar a cultura e a educação do país. Já Francisco Lopes, 63 anos, estava na Esplanada dos Ministérios para vender caldo de cana. Cearense, Lopes está em Brasília desde 1973, onde conseguiu formar três filhos na universidade. Esta foi a primeira vez que Lopes votou em Lula, "logo na primeira vez o elegi", disse. Pretendia ganhar "pelo menos R$ 300" com a venda do dia.
Enquanto isso, Jaime Ribeiro Moraes catava latas de alumínio pela Esplanada dos Ministérios. Morador de Santa Maria, ele chegou cedo ao local porque pretendia ganhar R$ 30,00 com a venda das latas que conseguisse durante o dia. Maranhense, Jaime está no Distrito Federal desde 1983, tem três filhos que ainda moram no Maranhão e esperam todo mês uma parte dos R$ 300,00 que o pai ganha vendedo latas no Distrito Federal.