Amorim volta ao Itamaraty com promessa de política externa de paz

01/01/2003 - 20h30

Brasília, 1/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - A transmissão de cargo de ministro de Relações Exteriores foi a única realizada hoje, além da cerimônia entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A maioria das transmissões de cargos dos demais ministros do presidente Lula será realizada amanhã (2). O ex-ministro Celso Lafer passou o cargo ao embaixador Celso Amorim, no Itamaraty, logo após a posse do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, seguida de todas as outras da equipe do governo Lula, pouco antes, no Palácio do Planalto.

Celso Amorim assume o Itamaraty pela segunda vez. A primeira foi durante o governo Itamar Franco. É diplomata de carreira e tem 60 anos. Presidiu a extinta Embrafilme na década de 70. Seu último posto internacional foi como embaixador do Brasil no Reino Unido. Em seu discurso, Amorim afirmou que o país terá, durante o governo Lula, uma política externa voltada para o desenvolvimento e para a paz, buscando reduzir o hiato entre nações ricas e pobres e promovendo a igualdade entre os povos e a democratização efetiva do sistema internacional, "coerentemente com os anseios demonstrados nas urnas". O ministro afirmou também ter vivido hoje um dos dias mais emocionantes de sua vida e falou do privilégio do povo brasileiro. "Poucos países no mundo já tiveram a oportunidade de presenciar uma posse presidencial de forma tão vibrante e participativa".

No discurso de despedida, Celso Lafer ressaltou que o novo chanceler, Celso Amorim, é credenciado para assumir o Itamaraty "pelo lastro do conhecimento e da experiência vivida no trato dos grandes temas políticos, econômicos e culturais da diplomacia brasileira". Lafer disse que a política externa de um país é "uma obra aberta, que combina mudança e continuidade no processo de traduzir de maneira criativa, à luz de distintas conjunturas nacionais e estrangeiras, necessidades internas em possibilidades externas, tendo sempre como horizonte ampliar, com base na diplomacia e no direito, o controle da sociedade brasileira sobre o seu próprio destino.

O cineasta Nelson Pereira dos Santos, um dos presentes à cerimônia de transmissão de cargo do ministro das Relações Exteriores, considerou que a gestão de Celso Amorin como chanceler dará uma "grande contribuição para o cinema nacional", já que o ministro poderá fazer com que filmes brasileiros sejam mais divulgados no exterior, abrindo caminhos para a obtenção de recursos para a produção da indústria cinematógrafica nacional. Nelson Pereira considerou o período no qual Celso Amorin presidiu a Embrafilme como um dos mais produtivos do cinema brasileiro. "Ele conseguiu firmar a empresa como distribuidora no mercado interno e proporcionou também a exportação e participação de muitos filmes brasileiros em festivais internacionais", lembrou.