Pesquisa indica que empresários vão segurar investimentos por causa da crise

22/01/2009 - 18h29

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O empresário brasileiro estápessimista com o cenário macroeconômico nos próximosseis meses e se mostra decidido a segurar o freio dos investimentos,por causa das incertezas da crise financeirainternacional. A conclusão é de pesquisa divulgada hoje(22) pela Associação Brasileira das Companhias Abertas(Abrasca).A pesquisa ouviu representantes de 52grandes empresas filiadas à Abrasca, que representam cerca de40% do valor de mercado da Bolsa de Valores de São Paulo(Bovespa) e correspondem a um quarto do total de companhias ligadas àentidade. Conforme o levantamento, 86% dascompanhias abertas prevêem queda nos investimentos neste semestre contra 8% no semestre anterior e apenas 2% nomesmo período do ano passado. Naquela ocasião, 72% dasempresas pretendiam expandir os investimentos, mas hoje somente 4%mantêm esse propósito. Para o presidente daAbrasca, Antonio Castro, esse dado é preocupante, porque, sefor materializado, “terá implicações em termosda capacidade produtiva nacional”. Se não háinvestimento para aumentar a produção, o restante daeconomia pode ficar estagnado, disse ele. Os números damostram que os empresários estão em compasso de espera,aguardando a evolução da crise e o comportamento dademanda: “O ano começa sob o signo da cautela.”Outra variávelque preocupa é o crédito. O problema não afetamuito as grandes empresas, que têm acesso ao crédito,mesmo estando mais caro, mas pequenas e médias têmdificuldade. “O fator créditopesa, principalmente para aquelas [empresas]que não são tão grandes”. Castro disse que essecenário está relacionado com a aversão doinvestidor estrangeiro ao risco, o que aumenta o custo do crédito.Para ele, o clima de normalidade só deve voltar nopróximo ano.Apesquisa mostra também que nenhuma empresa espera aumento de postos detrabalho no país e que 85% delas projetam queda no nível de emprego. Mesmo em seurespectivo setor, apenas 6% das empresas que compõem a amostraprevêem alta, contra 50% que projetam estabilidade e 44% que esperam retração. Nomesmo semestre de 2008, a sondagem indicava que 79% esperavam aumentono número de empregos no país e 62% projetavamampliação das vagas em sua área de atividade.Castro defendeu aflexibilização das regras do trabalho para garantir oemprego. “Faria uma diferença muito grande”, tendo emvista a tendência crescente de terceirização pararedução de custos. Para ele, aquestão do desemprego está relacionada à demandado setor e ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que éa soma dos bens e serviços produzidos no país. Napesquisa, 81% dos entrevistados apostam na queda do PIB este ano, mas háum ano previa-se forte crescimento da demanda no setor (82% contra13% agora), bem como para o PIB (72%). No segundo semestre de 2008, a visão predominante era de estabilidade para oPIB (39%) e de elevação para a demanda do setor (61%).A maioria das empresas filiadas à Abrasca espera este ano crescimento de cerca de 3% para o PIB. Castroexplicou que a percepção mudou por causa da criseexterna. Segundo ele, no mercado de capitais, não hásinais fortes de recuperação, mas, quando se olha paraa Bovespa, tem-se um alento,porque a visão predominante ainda é de estabilidadepara os negócios: 56% das respostas, contra 31% no semestreanterior. As projeçõesserão revistas pela Abrasca no segundo semestre.