Novo presidente americano traz esperança aos povos em desenvolvimento, diz historiador

22/01/2009 - 5h12

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A posse do presidente norte-americano Barak Obama muda muita coisa, especialmente para os países em desenvolvimento, “pelo menos em termos de esperança”. A afirmação foi feita à Agência Brasil pelo professor do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), André Chevitarese.

 Segundo ele, há  a expectativa de toda uma população negra, latina, do Oriente Médio, dos países asiáticos, de que as relações  internas, do ponto de vista étnico, nos  Estados Unidos, e também  as relações externas do país com o resto do mundo tenham outro tratamento e outra dinâmica  a partir da posse de Obama como 44º presidente norte-americano. “Do ponto de vista de pensar o mundo de uma perspectiva não conflituosa, é uma grande esperança”, reforçou Chevitarese.

Para o historiador, em uma análise exclusivamente interna, a chegada de Obama ao poder significa um olhar mais carinhoso para a classe média e média alta americana, que no últimos dez anos  sofreu muito com a perda de emprego, a diminuição de salários e a frustração de perder a casa própria. “Então, vai ter o olhar  desse novo presidente, pelo menos em termos de esperança, para a classe média americana que foi devastada no governo Bush”.

O especialista da UFRJ acredita que a entrada de Obama servirá para lembrar que o Brasil existe  tanto no contexto da América Latina em geral, quanto no particular.  Ele lembrou que o Brasil foi um dos poucos países da  região que não restringiu a imagem dos Estados Unidos ao de seu último presidente, George W.Bush. “Enquanto a Venezuela, Equador,  Bolívia, agora recentemente Paraguai, todos eles, através dos seus respectivos governos,  disseminaram um conjunto de idéias e de informações de que os Estados Unidos, no seu todo, seriam alguma coisa muito ruim, uma lembrança dos anos 70 e 80 de imperialismo e coisa e tal”.

Para Chevitarese, o Brasil deverá ser para Obama um ponto de partida positivo para retomar relações comerciais, projetos na área de entrada e saída de cidadãos binacionais, enfim, para estreitar as relações diplomáticas. “O mundo está precisando disso”, afirmou. 

O economista Samuel de Abreu Pessoa, da Fundação Getulio Vargas, não é tão otimista quanto Chevitarese em relação ao novo presidente norte-americano. Na sua opinião, a América Latina e, por extensão, o Brasil não são prioridades para Barack Obama.

Pessoa argumentou que o novo presidente tem muitos outros problemas para resolver, entre eles a crise financeira interna e seus desdobramentos no exterior, além de questões internacionais, como as relações com o Iraque, Israel.

“Eu acho que dificilmente ele vai ter tempo para pensar outro tratamento com a América Latina. Mesmo porque a região não cria muitos problemas para os Estados Unidos”. Para o economista, talvez a única questão em aberto na América Latina para os Estados Unidos  diga respeito à imigração.

Pessoa não espera grandes avanços em relação a assuntos econômicos no continente, como a  eliminação do embargo a Cuba ou a extinção da tarifa de comércio sobre o etanol brasileiro. O próprio Obama e algumas pessoas ligadas ao seu governo teriam manifestado, em algumas ocasiões, que a produção norte-americana de etanol teria de ser resguardada, lembrou. “Por isso, não vejo muitos avanços com relação à América Latina em geral e ao Brasil, em particular”.Samuel Pessoa manifestou preocupação com uma expectativa exagerada em torno do novo presidente dos Estados Unidos. “É muito forte a carga sobre ele”.