Juizado especial vai atender mulher vítima de violência em São Paulo

22/01/2009 - 18h35

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Tribunal de Justiça de São Paulo,na Praça da Sé, ganhou o 1º Juizado Central deViolência Doméstica Familiar Contra a Mulher. Sob o comando da juíza Vanessa RibeiroMateus, o novo juizado conta com uma equipe multidisciplinar de seteprofissionais, como psicólogos, assistentes sociais, assessoresjurídicos e escreventes. "Nossos funcionários sãosensibilizados com a causa da mulher que sofreu qualquer tipo deviolência em seu ambiente familiar", disse.A presidente da Comissão da Mulher Advogadada Ordem dos Advogados de São Paulo (OABSP), Helena MariaDiniz, considera a criação do juizado "um fatoimportantíssimo para a mulher". "O juizado será especializado nesteassunto, muito melhor do que os juizados que julgam todas asmatérias", afirmou. Segundo a advogada, a Lei Maria da Penha foicriada não apenas com o intuito de punir o agressor da mulher, como também de "cuidar de toda a família"."Neste ambiente, a mulher será tratada como precisa",disse.O nome da lei é uma homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, farmacêuticabioquímica aposentada por invalidez, em consequência deagressões que sofreu do ex-marido, e que virou símboloda luta contra a violência doméstica. Segundo ela, a sociedade está motivada para que a lei seja aplicada."Sem um juizado especial, o texto nãotem como ser aplicado corretamente. A iniciativa em São Pauloé boa, mas ainda é um sonho conseguir que todos osmunicípios brasileiros possam ter seus juizados",afirmou. Para Maria da Penha, o juizado especializado éimportante porque ali os profissionais têm consciência doque é a violência doméstica. "Para trabalharneste Juizado não basta ter o diploma, precisa tersensibilidade para entender o que acontece com a mulher em suaconvivência familiar", disse.Vítima da violência do ex-marido,Fabiana Silva Lima espera que o juizado ponha em práticatodos os preceitos que Maria da Penha defendeu. "O juizado nãopode repetir os erros das delegacias", cobrou.Fabiana lembrou que quando foi agredida, encontroua Delegacia da Mulher fechada por causa de um feriado, e teve que ira uma delegacia comum. "Não foi a melhor recepção.Os policiais falavam com ar de deboche e descaso. Se chegava um casode roubou ou assalto, era deixada de lado, como se não fosseprioridade", afirmou.Fabiana diz que só conseguiu processar oex-marido porque foi muito insistente. "Mulher nenhuma iriaquerer passar novamente pelas humilhações que passei nadelegacia".Ela disse ainda que tudo o que for feito paramelhorar o atendimento à mulher será bem-vindo. "Criarum juizado especial é ótimo, mas não podemosesquecer de melhorar o que já existe", afirmou.