Empresário "arma" manifestantes com 300 pares de sapatos em protesto contra Israel

09/01/2009 - 19h39

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O empresárioárabe Armando Salim gastou cerca de R$ 1.600 para participarhoje (9), em São Paulo, de um protesto contra a ofensivaisraelense sobre a Faixa de Gaza, iniciada em 27 de dezembro passado.Com o dinheiro, Salim comprou cerca de 300 pares de sapatos, queforam atirados por manifestantes em bonecos que representavam oprimeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e o presidente dos EstadosUnidos, George Bush.O protesto, realizadono vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp),reuniu cerca de 250 pessoas. A “sapatada” palestina foi umaalusão ao gesto do jornalista iraquiano que atirou o sapatocontra Bush, no final do ano passado, durante visita do presidentenorte-americano a Bagdá."Doaria o quantofosse necessário para repudiar a agressão contra o povopalestino", disse Salim. Após a manifestaçãono vão do Masp, os quase 300 pares de sapatos foram recolhidose guardados para serem usados em outros protestos. Ao contrário dojornalista iraquiano, que não conseguiu acertar o sapato emBush e ainda foi preso por autoridades de seu país, em SãoPaulo os manifestantes atingiram o boneco que representava opresidente dos EUA.Quando o bonexo caiupela primeira vez, o presidente da União dos EstudantesMulçumanos no Brasil, Alli Ahmad Majdoud, pediu, ao microfone,que as sapatadas não parassem: "Ele caiu, mas vamos fazeros primeiros socorros para ressuscitá-lo. Ele tem quelevantar, pois merece morrer várias vezes".Além de árabese palestinos, a manifestação reuniu judeus erepresentantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)e até da Gaviões da Fiel, tradicional torcidaorganizada do Corinthians – clube de maior torcida em SãoPaulo. "Antes de serjudeu, sou brasileiro e todos os brasileiros sentem repúdio aatitudes racistas", disse o jornalista Nathanel Braia. "Todosrecebem as comunidades judaicas de braços abertos. Israel sedesgasta perante a comunidade internacional [com a ofensiva sobreGaza] e acaba desgastando a comunidade judaica, além defortalecer o Hamas."Solidário àcausa palestina, o coordenador de relaçõesinternacionais do MST, Marcelo Buzetto, também participou doprotesto. "Temos conversado com os camponeses palestinos, cujaslavouras de oliveiras estão sendo destruídas. A atitudedo governo de Israel em não cumprir as determinaçõesda ONU geram uma situação de ódio e conflito naregião”, comentou Buzetto."Se um povo estásendo dizimado, temos que falar alguma coisa. Seres humanos estãomorrendo em Gaza e por isso somos contrários ao que Israel temfeito", acrescentou Eduardo Novaes, representante da Gaviõesda Fiel/Movimento Rua São Jorge. Durante os protestos,os manifestantes gritaram palavras de ordem, como "palestino émeu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo"