Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A ex-candidata à Presidência da Colômbia, IngridBetancourt, esteve hoje (5) em São Paulo, onde falou aosjornalistas sobre seu futuro político e as alternativas paraacabar com a guerrilha na Colômbia. Ela também se encontrou com o presidente Lula.Seqüestrada pormilitantes das Forças Armadas Revolucionárias daColômbia (Farc) em 2002, Betancourt ficou mais de seis anoscomo refém dos guerrilheiros."Enquanto aspessoas não puderem trabalhar com dignidade, se nãohouver recursos, as pessoas migrarão para o narcotráfico,para o tráfico de armas. Se a sociedade não der umaresposta, sempre existirão outras Farc", disse. Ingrid Betancourt foi resgatada em julho deste anonuma operação planejada pelo Exército da Colômbia. Agora percorre os países da AméricaLatina levantando a bandeira do resgate dos reféns que aindapermanecem em poder das Farc.Betancourt se encontrou com o presidente Lula, emSão Paulo, para agradecer o apoio do governo brasileiro pelasua libertação."O encontro com Lula foi transcendental.Falar das Farc era politicamente incorreto, porque era como fazerpublicidade para eles. Lula sempre falou sobre isso, se empenhou parame libertar", disse. A visita ao presidente brasileiro ocorreu na representaçãoda Presidência da República na capital paulista. IngridBetancourt entregou a Lula uma carta do presidente daFrança, Nicolas Sarkozy, para reafirmar o compromisso pelalibertação dos reféns. "Este foi um ano negro para as Farc com amorte de seus líderes. É hora de intensificar a lutacontra eles", disseDe acordo com a ex-refém, a soluçãocontra a guerrilha "não vai cair do céu. Ospresidentes do mundo todo têm que se mobilizar para resolver estaquestão, já que falamos de um mundo globalizado". Ingrid Betancourt disse que durante o tempo quepermaneceu como refém das Farc nunca percebeu qualquer preocupaçãoideológica dos seus integrantes. "Eles não gostam de ser chamados deterroristas, mas desde que usaram o sequestro e se aliaram aonarcotráfico eles estão fazendo terrorismo como métodode luta. Nunca vi nenhuma preocupação ideológicacomo melhorar a questão das mulheres colombianas ou cuidar dascrianças abandonadas", revelou.A ex-refém das Farc falou da atualfragilidade da guerrilha que estaria enfraquecida com a morte e aprisão de seus principais líderes."Não vejo futuro para as Farc. Ou elesmorrerão ou vão se regenerar, mas, para isso, precisamsintonizar-se com os problemas da Colômbia, ter uma reflexãoprópria sobre o país. Mas para vencer, eles precisamconvencer o povo de outra forma que não seja matando",disse. Ingrid descartou retomar sua carreira política:"Não quero nenhum cargo na política. Passei seteanos na selva, e sei que não quero ser é uma políticacolombiana. Não gosto dessa política 'politiqueira' depequenas coisas, gosto de seguir meus valores, meus princípios",afirmou. Ao encerrar a coletiva, Ingrid Betancourt mostrouum documento com nomes de brasileiros que lhe enviaram mensagenssolidárias no tempo em que esteve no cativeiro. "Querodeixar registrado meu agradecimento especial ao [deputado]Fernando Gabeira e ao [senador] Eduardo Suplicy".