Regulação financeira deve ter regras globais e transparentes, diz presidente do BNDES

05/12/2008 - 19h10

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Bancos Centrais regidos por normas únicas, estabelecendo regras globais, com transparência, poderia ser uma forma de prevenir crises como a atual, originada no sistema imobiliário norte-americano. Foi o que afirmou hoje (5) o presidente do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social, LucianoCoutinho, em conferência promovida pela Associação Mundialdas Agências de Promoção de Investimentos (Waipa), no Rio de Janeiro. Para ele, se a regulaçãofinanceira tiver regras globais, poderá ser mais abrangente. “Mas ela [a regulaçãofinanceira] deve ter uma preocupação de sercontracíclica, para evitar agravar a contraçãodo crédito agora. E quando houver euforias, conter essaseuforias. Nós não podemos fechar os olhos diante debolhas”, disse.Segundo Coutinho, nos últimos 30 anos, os Bancos Centrais permitiram que seformassem, e até incentivaram, as bolhas. “E os reguladorescruzaram os braços.” Para o presidente do BNDES, é preciso haver um mecanismo de balanceamento desse movimento.“Deveria ser umaobrigação dos bancos centrais evitar processosinsustentáveis. Esse é, evidentemente, um processoinsustentável”, avaliou Coutinho, ao classificar a crise financeira mundial.Segundo ele, aregulação anticíclica deveria fazer parte dos estatutos e das leis que regem a regulaçãofinanceira. “Esse é opasso que precisa ser dado. É preciso existir supervisãobancária muito mais preventiva, de prudência estrita. Eter uma lente de aumento poderosa sobre todas as instituiçõesfinanceiras não bancárias, não depositárias.”Para Coutinho, épreciso ter um conjunto de instrumentos, a que chamou de regulaçãode condições de crédito e taxa de juros, dentrodas práticas de política monetária. Ele também defende que haja políticas degestão de risco nas instituições bancárias, com comitês de gestão de riscoreportando-se diretamente às respectivas diretorias.Coutinhodefendeu, ainda, uma mudança de regras para as agênciasde classificação de risco (rating) que “não podem ser capturadas porque sãoremuneradas pelas próprias instituiçõesfinanceiras a quem elas servem”.