Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Bolíviavivencia, nos últimos dias, momentos “dramáticos”diante de tensões políticas e das mortes derepresentantes do governo e da oposição mas, por trásda crise, há um esforço de ambas as partes naconstrução de um Estado nacional. A avaliaçãoé do professor de Relações Públicas daUniversidade de Brasília (UnB), José FlávioSaraiva.
“Tenhoaté um certo otimismo, confesso, em torno das saídaspolíticas e do diálogo por trás das dificuldadesdo momento, rumo a uma conciliação dosinteresses dos barões do gás e da economia produtiva daBolívia oriental, economicamente poderosa e o projeto social que o presidente Evo Morales precisa levaradiante em um país civilizado”, disse, em entrevista aoprograma Revista Brasil, da RádioNacional.
Elelembra que, apesar da “radicalizada” por parte do prefeito dodepartamento boliviano de Pando, há negociaçõese abertura de diálogo lideradas pela própria oposição,como no caso do prefeito do departamento de Tarija. “Hátensões mas há saídas”, afirmou oespecialista.
Saraivadestacou que a reunião de emergência hoje (15), em Santiago do Chile, delíderes da União de Nações Sul-Americanas(Unasul) para discutir a situação política daBolívia é positiva, sobretudo em uma regiãoonde, segundo ele, persiste um “preceito precioso” ou mesmo uma“doutrina de política internacional” de não-intervenção.
“Isso énatural, são países jovens, cada um usa de suasoberania. No entanto, não se pode tapar o sol com a peneira.A criação da Unasul e do Mercosul sugere que nãoé só trocar mercadorias, é tambémdiscutir o equilíbrio, a paz, o diálogo e a cooperaçãoem toda a região sul-americana”.
Para Saraiva, o encontro no Chile não tem o propósito de intervir e dizer aos bolivianos o que fazer diante do agravamentoda crise, mas manter uma posição construtiva e otimistadas democracias mais estáveis da região. Ele reforçaque “não se vive de costas para os vizinhos” e que aBolívia não representa um país insular oudistante, mas uma espécie de “coraçãoestratégico” na América do Sul.
Questionadosobre a possibilidade de uma rejeição aos brasileiros na América do Sul, similar aosnorte-americanos no mundo árabe, Saraiva disse que oBrasil deixou de ser apenas “um país da periferia docapitalismo ou de herança colonial", que não sabeconstruir seu futuro.
“Claroque [em relação a] um Estado nacional soberano, imenso territorialmente,demograficamente importante, industrialmente avançado,integrado às economias globais, em um ambiente mais difícilsocial e politicamente como é a América do Sul pode emergir um certosentimento de desconfiança ou de preocupação".